EM EXPOSIÇÃO

Artista chileno Cristian Sabja inaugura obra de arte em espaço cultural do MST, em SP: 'Sobre reforma agrária e a destruição da Palestina'

'Reconstrução Elementar: um grito de esperança' foi criada em cinco oficinas, com materiais encontrados nas ruas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Cristian Sabja, artista chileno de ascendência mapuche e palestina, criou o painel que ficará exposto no espaço do MST - Carolina Bataier/Brasil de Fato

Com materiais recolhidos das ruas, o artista chileno Cristian Sabja criou a Reconstrução Elementar: um grito de esperança, obra permanente do Espaço Cultural Elza Soares, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no centro de São Paulo.

O trabalho, inaugurado na tarde desta quarta-feira (23), é resultado da Oficina Reciclarte, onde Sabja e as participantes trabalharam juntos para chegar ao resultado agora exposto no espaço. Reconstrução Elementar: um grito de esperança une restos de madeira, tecidos, portas e outros elementos encontrados nas ruas, como um teclado e um CD.

"Eu me identifico mais com este tipo de trabalho do que com a galeria [de arte]", diz o artista, que ressalta a importância dos processos criativos feitos a partir do compartilhamento de conhecimentos. Tintas, ilustrações, pincéis e uma bandeira do MST compõe o painel, criando uma imagem de múltiplos detalhes e forte impacto visual. Na base das referências, está um chamado à solidariedade ao povo palestino.

"A obra está relacionada com a reforma agrária e com a destruição da Palestina", diz o artista.

Sabja é chileno, com ascendência mapuche e palestina. O convite para o trabalho no espaço cultural do MST partiu de Luciano Carvalho, integrante da direção estadual do movimento.


'Reconstrução Elementar: um grito de esperança', em exposição permanente do Espaço Cultural Elza Soares / Carolina Bataier/Brasil de Fato

"Tratando de uma obra a partir de escombros, a partir de restos de uma sociedade deteriorada, e mesmo assim numa perspectiva de uma proposição de esperança, tem tudo a ver com a gente, né?", celebra Carvalho, que também integra o coletivo nacional de cultura do movimento.

Para Ana Chã, integrante da coordenação nacional do MST, a obra fortalece a proposta do Espaço Cultural Elza Sorares de integrar a cultura de diversos lugares, a partir de múltiplas linguagens. "Para nós, receber artistas internacionais que podem vir aqui fazer residências artísticas, ensinar a sua arte, trazer a proposta, discutir com a gente e depois deixar isso aqui no espaço, é bem importante", celebra. "Acaba simbolizando esses pilares que a gente acredita: do internacionalismo, da arte como possibilidade de transformação da sociedade e dessa integração mesmo dos povos numa perspectiva de libertação."

Também participaram da criação de Reconstrução Elementar: um grito de esperança as artistas Fernanda Oberg e Renata Lopes. André Vendramini Pires fez a montagem.  

O Espaço Cultural Elza Soares é aberto em eventos. A programação é publicada no perfil do Instagram: @espacocultural_elzasoares. O endereço é alameda Eduardo Prado, 474, São Paulo (SP).

Edição: Nicolau Soares