O furacão Oscar, de categoria 1, atingiu o leste de Cuba neste domingo (20). Com ventos de até 130 quilômetros por hora, o furacão afetou as províncias orientais de Guantánamo, Santiago de Cuba, Holguín, Granma, Las Tunas e Camagüey.
Desde as primeiras horas da madrugada, as condições meteorológicas começaram a se deteriorar, causando fortes tempestades e o crescimento do mar, segundo o Centro de Previsão do Instituto Meteorológico de Cuba (Insmet).
O governo cubano informou que o apoio às províncias estava sendo reforçado e afirmou que “as brigadas estão prontas para a recuperação no menor tempo possível”, acrescentando que “foram dadas indicações precisas para garantir o atendimento ao nosso povo”.
Como medida de precaução, as autoridades suspenderam as aulas e atividades de trabalho não essenciais até quarta-feira (23). Enquanto várias medidas de proteção à população estão sendo implementadas, apenas hospitais e serviços vitais para a população continuarão a funcionar.
Espera-se que o centro do furacão permaneça sobre o território cubano durante toda a segunda-feira. O furacão mudará seu curso para o norte e depois, uma vez no mar, para o nordeste, indo novamente em direção às Bahamas.
O furacão Oscar é a décima quinta tempestade tropical da atual temporada de furacões do Atlântico. Faz parte dos fenômenos climáticos extremos que, devido aos efeitos do aquecimento global, estão se tornando mais frequentes a cada ano.
Um apagão histórico
A chegada do furacão Oscar a Cuba ocorre em um momento crítico, em que a ilha se encontra em meio a apagão histórico que tem deixado o país sem energia desde sexta-feira (18).
A falta de energia ocorreu poucas horas depois que o governo declarou, na quinta-feira (17) que o país enfrentava uma “emergência energética”. Há meses Cuba está sofrendo apagões prolongados, com um déficit de cobertura nacional de até 30%. A situação foi se agravando nos dias que antecederam a quinta-feira, chegando a 40% da cobertura nacional sem energia elétrica.
No entanto, na manhã da sexta-feira, uma falha na Termelétrica Antonio Guiteras, a mais importante do país, causou um apagão que deixou o país inteiro às escuras.
Desde então, o apagão maciço já se prolongou por 72 horas. A recuperação da eletricidade prossegue lentamente em um processo complexo que se tornou ainda mais difícil devido ao clima. Até o momento, foi possível restabelecer somente 16% do serviço por períodos curtos de tempo.
A falta de eletricidade prejudica as comunicações do país ao mesmo tempo em que impacta no abastecimento de água, já que os motores que bombeiam a água utilizam eletricidade.
O governo declarou que pretende restaurar o sistema de energia até terça-feira (22). No entanto, também advertiu que a possibilidade de superar o atual apagão dependerá dos danos causados pelo furacão Oscar, já que as províncias afetadas pela tempestade concentram vários geradores de energia dos quais o país depende.
Situação crítica
Em coletiva de imprensa, o Ministro de Energia e Minas, Vicente de la O Levy, descreveu a situação como “muito tensa”, explicando que os problemas de geração insuficiente de energia no país se devem a “falhas nas usinas termoelétricas do país e dificuldades na importação de combustível”.
Também agradeceu as manifestações de solidariedade de diversos países, como Colômbia, México, Venezuela, Rússia e Barbados. Nesse sentido, O Levy afirmou que as autoridades dessas nações manifestaram seu apoio e expressaram disposição de colaborar da maneira que Cuba considerar necessária para lidar com a delicada situação.
A eletricidade de Cuba é gerada por oito usinas termoelétricas que têm mais de 35 anos. Trata-se de uma infraestrutura obsoleta que exige reparos constantes. “É a inventividade constante dos trabalhadores que estão sempre consertando as usinas termoelétricas com o que têm, já que o bloqueio impede a importação de peças de reposição”, explicou o ministro.
Toda vez que as usinas termelétricas precisam ser retiradas de serviço para reparos, isso causa os apagões que o país sofre. Ao mesmo tempo, as usinas termoelétricas precisam de combustível para funcionar, que o país tem de importar.
Assim como o restante das importações, a compra de combustível também é prejudicada pelo bloqueio que o país sofre. Estima-se que as importações de energia custem ao Estado cubano até três vezes mais do que o preço médio internacional.
Os apagões recorrentes, com duração de até 14 horas, têm gerado uma ampla insatisfação social, principalmente nas províncias do interior do país, onde são mais frequentes.
Da mesma forma, a crise energética está afetando a economia do país, que ainda não conseguiu se recuperar após a queda acentuada causada pela pandemia de covid-19. De acordo com dados oficiais, em 2023 a economia sofreu uma contração de 1,9%.
Edição: Nathallia Fonseca