Nesta quarta-feira (16), Dia Mundial da Alimentação, manifestantes foram às ruas em São Paulo (SP) para alertar para o problema da fome na cidade mais rica do país.
Para a deputada estadual Ediane Maria (Psol), o que deveria ser uma data de celebração do combate à fome se tornou um dia de protesto. "Mas a gente está aqui para dizer que não existe prefeitura, não existe prefeito que de fato dialogue o combate à fome", lamenta.
Os manifestantes se encontraram na frente do Teatro Municipal e seguiram em caminhada até a praça da Sé, passando pela Prefeitura, no Centro da capital. "Quem está dando essa resposta hoje são os movimentos sociais, do campo, da cidade de São Paulo, MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto], MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], as cozinhas solidárias", observa a deputada.
O ato contou com representantes de movimentos populares, como o MST, o MTST e a Frente Brasil Popular.
Os organizadores publicaram um manifesto com o título Por uma São Paulo sem fome, com dados sobre o problema em São Paulo. De acordo com o 1º Inquérito sobre a Situação Alimentar no município, 12,5% dos moradores da capital paulista passam fome.
"É muita gente, né? Numa cidade que tem todas as condições de as pessoas terem um alimento saudável todos os dias", diz Raimundo Alves, coordenador da Central dos Movimentos Populares (CMP).
O estudo, uma parceria entre o Comusan-SP (Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional), o Obsanpa (Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional da Cidade de São Paulo) e pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Federal do ABC (UFABC), revela outro dado alarmante.
No total, 50,5% dos moradores da capital paulista enfrentam algum nível de insegurança alimentar. Isso significa que 5,8 milhões de pessoas não têm acesso a alimentos saudáveis suficientes para as necessidades diárias de nutrição.
"Uma cidade como São Paulo não pode admitir uma fome do tamanho que as pessoas passam aqui na cidade", lamenta Alves.
O manifesto apresentado após o ato tem 78 assinaturas, entre chefes de cozinha, pesquisadores, movimentos populares, organizações e cozinhas solidárias. "Nos tiram casa, nos tiram terra, nos tiram o direito à comida, nos tiram tudo e o que nos sobra é as ruas, o que nos sobra é seguir lutando. Por isso que este ato é em defesa da alimentação saudável, mas é também de combate à fome", diz Kelvin Nicolas, militante do MST.
Edição: Martina Medina