Israel voltou a atacar nesta segunda-feira (14) um hospital na Faixa de Gaza. O bombardeio atingiu o hospital Mártires de Al Aqsa na cidade de Deir el Balah e deixou pelo menos quatro pessoas mortas e vários feridos. Esta é a sétima vez que um bombardeio israelense atinge “tendas de deslocados”, segundo a Defesa Civil de Gaza.
O Exército israelense anunciou, por sua vez, que o bombardeio teria como alvo um "centro de comando e controle” que fica em um complexo que abriga o hospital.
O Dr. Mohammed Tahir, cirurgião no hospital Al Aqsa em Deir el Balah, relatou à Al Jazeera que estava na sala de cirurgia, tratando de uma lesão nervosa, quando ouviu as explosões em uma escola próxima que virou abrigo e afirmou que o hospital inteiro estava “inundado” de vítimas, com mulheres, crianças e homens “morrendo diante de nossos olhos”.
Enquanto estava na sala de cirurgia, ele disse que outro bombardeio aconteceu dentro do terreno do hospital e afirmou que está “além de qualquer lógica que um hospital possa ser atacado de maneira tão grave”. “As pessoas estão traumatizadas. As pessoas chegaram a um ponto em que sentem que não há esperança... ninguém virá salvá-las”, disse ele.
Tahir pediu que o resto do mundo “faça mais”, pois as ações dos militares israelenses são “inaceitáveis”. “Se você andar pelas alas, verá crianças cobertas de bandagens da cabeça aos pés, e essas são as que sobreviveram, é realmente uma situação terrível”, disse ele.
Uma investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) acusa Israel de atacar intencionalmente instalações de saúde, como hospitais, tendas de atendimento e de matar integrantes de equipes de Saúde em Gaza.
Desde o início do genocídio, o governo de Israel justifica os ataques sob o argumento de que os hospitais e escolas têm como alvo membros do Hamas e outros grupos palestinos armados. Mas hospitais e escolas da ONU são protegidas por leis internacionais de guerra.
A investigação da ONU também acusa as forças de Israel de matar e torturar membros de equipes de saúde, alvejar ambulâncias e restringir a saída de pacientes que necessitam sair da região.
A Comissão de Investigação tem como missão coletar dados e evidências, além de identificar suspeitos de crimes internacionais. Seus dados se baseiam em fontes variadas, como entrevistas com vítimas e testemunhas e imagens de satélite. Ao menos 42.289 palestinos, a maioria civis, morreram na ofensiva israelense no território, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
O escritório de direitos humanos da ONU afirma que o exército israelense parece estar isolando completamente o norte de Gaza do restante do território e lançando ataques “com absoluto desrespeito à vida e à segurança dos civis palestinos”.
O chefe da ONU, António Guterres, condenou o “grande número de vítimas civis na intensificação da campanha israelense no norte de Gaza”, de acordo com seu porta-voz Stephane Dujarric.
“Ele [Guterres] pede encarecidamente a todas as partes envolvidas no conflito que cumpram as leis humanitárias internacionais e enfatiza que os civis devem ser respeitados e protegidos em todos os momentos”, disse Dujarric aos repórteres.
*Com Al Jazeera e AFP
Edição: Leandro Melito