O economista Gabriel Galípolo será o novo presidente do Banco Central. Indicado ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele teve seu nome aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e no plenário do Senado nesta terça-feira (8).
Na CAE, Galípolo passou por sabatina nesta manhã. Ao final dela, teve sua indicação aprovada por unanimidade: 26 votos a zero. De tarde, o plenário também aprovou sua indicação por 66 votos favoráveis a 5 contrários.
Com isso, Galípolo, que já é diretor de Política Monetária do BC, vai assumir, a partir de janeiro de 2025, o posto ocupado hoje por Roberto Campos Neto. Indicado por Bolsonaro, Campos Neto tem sido criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde o início de seu terceiro mandato como presidente da República.
A mudança na chefia do BC cria uma expectativa de que a administração da taxa básica de juros do país, a Selic, esteja mais alinhada com os projetos do governo. Hoje, a Selic está em 10,75% ao ano. Lula já pediu várias vezes que ele seja reduzida.
Político em sabatina
Na sabatina na comissão, Galípolo foi questionado sobre a gestão de Campos Neto e também sobre sua relação com Lula. Elogiou o trabalho do atual presidente do BC e também o presidente da República, evitando colocar-se ao lado de um ou de outro. "Sempre fui muito bem tratado pelos dois. Não consigo fazer qualquer queixa a nenhum deles. Sinto não poder corroborar com uma ideia de que poderia existir alguma polarização", disse.
O economista ainda reiterou que Lula lhe concedeu total liberdade para atuar no BC. "Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar com o presidente, me foi dada a garantia de liberdade na função. Cada ação e decisão deve se pautar no bem-estar dos brasileiros", acrescentou.
Galípolo reforçou que o BC tem a "grande responsabilidade" de controlar a inflação do país. Disse que, por conta dela, o BC acaba sendo o "primeiro dos pessimistas e último dos otimistas", algo que pode se refletir na prudência do órgão ao tratar dos juros.
Galípolo não deu qualquer sinalização de que o comportamento do BC será diferente durante sua eventual gestão. Ressaltou que cabe ao governo estabelecer a meta de inflação. Ao BC, cabe perseguir a meta. "A função do BC é perseguir a meta da autoridade eleita democraticamente."
Quem é Galípolo
Galípolo, assim como Campos Neto, é um ex-banqueiro. Foi presidente do Banco Fator, focado em investimentos financeiros, de 2017 a 2021. Campos Neto presidiu o Santander. Bem antes disso, Galípolo fez graduação e mestrado em Economia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Ele deixou a academia em 2008. De lá, foi trabalhar em secretarias do governo do estado de São Paulo durante a gestão de José Serra (PSDB). No governo Serra, dirigiu a área de estruturação de projetos de concessões e parcerias público-privadas (PPPs).
Galípolo deixou o governo em 2009 e fundou uma consultoria própria, com a qual trabalhou mesmo ocupando cargo de chefia no Banco Fator, até 2022.
Depois, virou conselheiro da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) e pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Em 2023, após a posse de Lula, foi convidado para ser secretário executivo do Ministério da Fazenda, o número 2 da pasta de Haddad.
Galípolo concedeu entrevista ao Brasil de Fato em maio de 2023, durante a Feira Nacional da Reforma Agrária. Na época ocupando a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda, o economista frisou sua disposição par ao diálogo com todos os setores da sociedade.
"A gente precisa voltar a ter um espectro político democrático dentro do país, em que a concorrência, a competição é absolutamente normal, mas dentro desse espectro político democrático. O diálogo é o ponto essencial. A gente tem que dialogar com todo mundo. Eu vim agora diretamente de um evento da Faria Lima para cá [para a Feira Nacional da Reforma Agrária]", afirmou, naquela oportunidade.
*Atualizada às 17h25
Edição: Thalita Pires