O último debate em Curitiba, organizado pela RPC/Globo, aconteceu em clima de tensão. O líder das pesquisas, Eduardo Pimentel (PSD), chegou para o confronto encurralado pela denúncia de "rachadinha eleitoral" e censura a um site local que divulgou a informação. O assunto arranhou a imagem e deu fôlego para a campanha de Luciano Ducci (PSB), que é apoiado pelo presidente Lula (PT), mas não explorou o tema no debate.
Pesquisas recentes o colocam em segundo lugar para a votação de domingo. Talvez por isso, evitou confrontos. Posição diferente da candidata de extrema direita Cristina Graeml (PMB), que focou seus ataques no candidato da situação e em uma agenda conservadora. Correndo por fora, as candidaturas de "oposição dentro da situação" de Ney Leprevost (União Brasil) e Maria Victória (PP) exploraram problemas relacionados a radares e compra de vagas na saúde e educação. O debate também contou com a participação do ex-governador Roberto Requião (Mobiliza), Andrea Caldas (Psol) e Luizão (Solidariedade), que criticaram a gestão municipal.
A campanha de primeiro turno de Curitiba foi marcada pelo clima ameno. Os assuntos principais foram as mudanças climáticas, o transporte público, a falta de vagas em creches, segurança e a fila de atendimento da saúde. Multas de radares, assistência social e minorias foram abordados em menor intensidade. Assim como a agenda nacional pautada pela divisão entre Lula versus Bolsonaro. O tema teve foco na voz de Cristina Graeml e esporadicamente com Ney Leprevost. Na reta final de campanha, a ideia do voto útil e desconstrução de adversários ganhou mais força de olho no segundo turno.
Nos quatro blocos do debate, os candidatos se dividiram entre propostas e críticas. O primeiro e terceiro blocos tiveram confrontos entre candidatos com temas livres. No segundo e quarto blocos, os candidatos responderam às perguntas feitas pela RPC, com comentários. As considerações finais também ficaram no quarto bloco.
Confrontos entre as candidaturas
O debate teve questionamentos sobre a rachadinha eleitoral de Pimentel. Ney e Ducci fugiram do tema. Cristina e Requião colocaram o dedo na ferida e nos problemas do transporte. "Eduardo devia ter envergonhado de pedir dinheiro aos servidores para uma campanha riquíssima, de R$ 12 milhões. Ninguém agiu sozinho. Tinha mais gente envolvida", Cristina criticou Pimentel. Já Requião destacou: "houve crime de extorsão. Foi isso que aconteceu com os servidores públicos. Censura de jornal. A extorsão é crime e a punição são oito anos fora da política".
Durante o debate, outra dobradinha entre Maria Victória e Andrea Caldas trouxe críticas à gestão Greca/Pimentel, principalmente nos radares e na fila das vagas em cmeis, sendo que Maria Victória fala em comprar vagas em escolas particulares e Caldas trata de ampliar o atendimento com equipamentos públicos. "Vou fazer a compra de consultas particulares na saúde. São apenas R$ 20 milhões em um orçamento acima de R$ 3 bilhões. É possível. Eu ainda vou construir duas UPAs", disse a filha do ex-ministro da saúde, Ricardo Barros.
Caldas, por sua vez, destacou que "Curitiba corre o risco de privatizar as escolas para atender aos interesses do seu balcão de negócios, como vez o governo do estado".
O candidato líder nas pesquisas, Eduardo Pimentel, tentou fugir de polêmicas e apresentar propostas. Mas teve que responder a denúncia de rachadinha e valor da tarifa do transporte. "Foi um fato isolado (o pedido de adesão ao jantar) e já demitimos o servidor. Eu não esperava nada diferente da Cristina, que me agride, pois não tem nenhuma proposta a oferecer para a cidade de Curitiba", se defendeu.
Com relação ao transporte público, Pimentel ressaltou que existe uma "janela de oportunidades da nova licitação do transporte. Vamos discutir a redução da nova tarifa no novo contrato. Eu defendo a tarifa de R$ 3 nos fins de semana e de graça para desempregados", apontou Pimentel.
Já o candidato Ducci, por sua vez, foi para o debate focando em propostas para transporte, educação, radares e saúde. "Nós vamos construir hospital e pronto socorro municipal, com leitos de UTI, tratamento de urgência e emergência. Vamos fazer três UPAS: Matriz, Santa Felicidade e uma de psiquiatria". Com relação ao transporte, Ducci falou que "o ônibus elétrico é mais caro e quem paga é o cidadão. Com o Governo Federal, a opção traz biocombustível, que é mais barato e sustentável", disse Ducci para o candidato Pimentel. O candidato do PSB teve que defender a aliança com o PT e com Lula. "Ney, você critica Lula, mas o seu partido, o União Brasil, tem três ministros no governo federal", comparou.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Ana Carolina Caldas