PESQUISAS E ANÁLISE

Manaus tem empate técnico pelo segundo lugar, e voto útil pode decidir adversário de atual prefeito no 2º turno, diz analista

Para Verrah Chamma, favoritismo de David Almeida deve se manter em 6 de outubro; questão é quem vai enfrentá-lo depois

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), que tenta reeleição e lidera pesquisas de intenção de voto - Foto: Michael Dantas / AFP

A última pesquisa Real Time Big Data sobre a corrida eleitoral para a prefeitura de Manaus (AM) aponta para vantagem do atual prefeito David Almeida (Avante). Segundo o levantamento, divulgado nesta terça-feira (24), Almeida tem 32% das intenções de voto.

O candidato à reeleição está bem à frente do segundo colocado, Roberto Cidade (União Brasil), que aparece com 22% e empata tecnicamente com Amom Mandel (Cidadania), com 16%. Eles empatam no limite da margem de erro, que é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. 

A vantagem de Almeida pode ser explicada justamente por ele ser o atual prefeito, conta Verrah Chamma, professora de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e coordenadora do Grupo de Estudos sobre Representação e Participação Política (Gerpp). 

"O prefeito tem a vantagem da máquina nas suas mãos. Ele vem crescendo consistentemente nas pesquisas desde maio até chegar a esse dado de 32%. E uma pesquisa que saiu hoje, da Perspectiva, que é um instituto aqui de Manaus, mostra que ele já está com 37,8%. Creio que esse cenário dificilmente se altera. Tem a máquina na mão, é um prefeito que tem feito bastante obras. Há um curso de um desmatamento da cidade muito elevado também, mas isso parece não preocupar os manauaras."

A especialista considera surpreendente o crescimento de Roberto Cidade, que saiu das últimas posições para o segundo lugar. Ela acredita que o candidato do União Brasil é beneficiado por ter apoio do governador do Amazonas, Wilson Lima, do mesmo partido.

"O Roberto Cidade estava com 8% nas pesquisas, da mesma Quaest em maio, e vem crescendo de maneira quase vertiginosa, a ponto de chegar agora nessa pesquisa com 22%. A pesquisa da Perspectiva que saiu hoje [25 de setembro] de manhã lhe dá 21%. Ele saiu das últimas posições para chegar a esse segundo lugar. É o candidato do atual governador Wilson Lima e parece que a máquina toda do estado está sendo utilizada em favor dele, para que ele possa então crescer e se consolidar no segundo lugar", avalia Verrah.

O terceiro colocado, que empata com Roberto Cidade, é Amom Mandel, que teve desempenho melhor nas pesquisas durante a pré-campanha eleitoral, lembra a professora da Ufam. 

"A trajetória do Amom Mandel é também surpreendente, porque ele era um candidato que estava por volta dos 30%. E ele foi perdendo, derretendo o número de votos, a ponto de chegar agora com 16%. A pesquisa da Perspectiva lhe dá menos: 13,7%", compara.

Segundo Verrah, o comportamento de Mandel faz as intenções de voto que tinha despencarem. "Ele está com discurso muito focado apenas na corrupção. Ele considera todos os candidatos corruptos, mas não aponta exatamente o que é, onde está essa corrupção. No debate do SBT, ele foi um pouco mais preciso, falou de uma corrupção envolvendo o atual prefeito [David Almeida]. Mas vem derretendo e acho muito difícil ele, inclusive, terminar em terceiro lugar".

A professora cita o quarto colocado, conforme a Real Time Big Data, Capitão Alberto Neto (PL), que apareceu com 13% das intenções de voto, e pode acabar levando a melhor sobre Mandel. Nesta linha, a pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quarta-feira (25) aponta um cenário diferente e mostra o candidato do PL em segundo lugar, com 22,3%, atrás apenas do atual prefeito de Manaus, que tem 29,5%.

Em ambas as pesquisas, Marcelo Ramos (PT) está em quinto lugar. Na Real Time Big Data, o petista aparece com 7%, enquanto na AtlasIntel possui 9,5% das intenções de voto. A situação não surpreende, porque Manaus sempre foi uma região em que a direita teve mais força, explica a analista. 

E talvez Ramos perca ainda mais votos por uma estratégia do eleitorado em tentar garantir um candidato não tão conservador no segundo turno, o que pode acabar favorecendo Amom. 

"Temos dois nomes da esquerda. Um nem se pode chamar de propriamente esquerda – seria mais um centro. É o Marcelo Ramos, o candidato do PT, mas ele votou a favor da reforma da Previdência, por exemplo, e ele era do PL até romper com o Bolsonaro. Aliás, nunca aceitou o Bolsonaro e, por isso, saiu do PL. Mas ele já esteve em partidos de direita como PSD, por exemplo", contextualiza.

"E o Marcelo Ramos vem perdendo os 14%, que é mais ou menos a fatia do eleitorado de esquerda que o PT tem aqui em Manaus. A esquerda não é forte em Manaus, sempre foi uma região em que a direita teve muita força e ele então vem perdendo votos. Eu acredito que quem votaria no Marcelo Ramos vai acabar fazendo um voto útil no Amom, que é de centro. Não sei se posso considerar de centro-esquerda, mas tem essa agenda anticorrupção, ele é jovem, só tem 23 anos e fala a esse público jovem. Eu acho que está havendo um voto útil da esquerda no Amom para tentar fazer com que ele chegue ao segundo turno, mas muito difícil".

A entrevista completa está disponível na edição desta quarta-feira (25) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, às 13h10, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.

Edição: Thalita Pires