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SETEMBRO AMARELO

Desabafo de Dan Reynolds no Rock in Rio 2024 e a importância de falar sobre saúde mental

Muitas pessoas enfrentam desafios como depressão e ansiedade, mas frequentemente têm medo de serem julgadas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Dan Reynolds, vocalista da banda Imagine Dragons, durante apresentação no Rock in Rio 2024 - Foto: Mauro Pimentel / AFP

Durante um dos momentos mais emocionantes do Rock in Rio 2024, Dan Reynolds, vocalista da banda Imagine Dragons, fez uma pausa surpreendente no show para falar sobre um tema que precisa ser discutido com mais frequência: a saúde mental e emocional das pessoas. A fala de Dan foi sincera e emocionada. Reynolds compartilhou com o público sua própria jornada de combate à depressão e incentivou todos a buscarem ajuda e a não ignorarem os sinais de alerta.

Reynolds contou que começou a enfrentar dificuldades psicológicas ainda muito jovem, quando tinha apenas 12 anos, e que a terapia foi fundamental para sua recuperação. Essa fala do vocalista é consistente com estudos em psiquiatria que alertam que a depressão pode, sim, começar durante a infância e na adolescência. Ao levantar uma placa com a frase "Your life is always worth living" (Sua vida sempre vale a pena ser vivida), ele reforçou a mensagem de que buscar apoio é um ato de coragem e sabedoria, e não de fraqueza.

O posicionamento público de Dan Reynolds é extremamente relevante, especialmente num momento em que a saúde mental está no centro das discussões globais. Setembro é conhecido como o mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio, e declarações como a dele - que alcança um grande público -, ajudam a quebrar o silêncio que ainda envolve os transtornos mentais.

Muitas pessoas enfrentam desafios como depressão e ansiedade, mas frequentemente têm medo de serem julgadas ou de parecerem incapazes de lidar com suas emoções e por isso não falam sobre, criando um tabu, uma barreira que precisa ser rompida. A depressão pode levar à morte e precisamos tratar de forma direta sobre o tema, sintomas e tratamentos. 

Os primeiros sinais de que estamos entrando em uma "mente cinza", como descreveu Reynolds, podem incluir: perda de interesse pelas atividades diárias, sensação de cansaço constante, dificuldades de sono e alterações no humor, ou até mesmo a experiência de estar se sentindo incapaz de lidar com as questões do dia a dia. Esses são os principais indicativos de que algo está errado e que é hora de procurar ajuda. Falar com amigos, familiares ou buscar apoio profissional são passos fundamentais para lidar com esses sentimentos.

Ao encorajar o público a buscar ajuda, Reynolds combateu um dos maiores obstáculos na luta contra as doenças mentais: o estigma. Ele desmistificou a ideia de que falar sobre os próprios sentimentos e procurar terapia são sinais de fraqueza. Como isso é importante, e, portanto, a postura de Reynolds foi incrível e útil. Ele afirmou que se abrir e cuidar da própria saúde mental são atitudes de grande sabedoria.

A mensagem de Dan Reynolds é um convite para que todos nós possamos olhar com mais empatia e abertura para as questões de saúde mental.

Precisamos normalizar essas conversas e oferecer apoio a quem está ao nosso redor. Afinal, como disse Reynolds, todos merecem viver suas vidas plenamente, e pedir ajuda é o primeiro passo para encontrar a luz no fim do túnel.

Em um show repleto de clássicos e hits recentes, o Imagine Dragons entregou uma performance que ficará na memória de todos nós, mas foi a coragem de Dan em compartilhar sua história que realmente deixou uma marca profunda, demonstrando que o Rock in Rio é um palco de cultura, informação e de trocas surpreendentes entre a música e as pessoas, e que cuidar da mente é tão importante quanto curtir e celebrar a vida.

*Vitor Friary é psicólogo e mestre em psicologia pela London Metropolitan University. É autor de livros publicados no Brasil e nos Estados Unidos. Atualmente é Doutorando no Instituto Universitário de Lisboa e diretor do Centro credenciado de formação e tratamento em Mindfulness-based Cognitive Therapy (MBCT) no Brasil. 

**Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato RJ.

Edição: Jaqueline Deister