O grupo libanês Hezbollah acusou Israel pelo ataque coordenado contra pagers do grupo, que matou onze pessoas e deixou quase 4 mil feridos em todo o país nesta terça-feira (17). Por meio de comunicado, o grupo disse que "o inimigo israelense é totalmente responsável por esta agressão criminosa" e "receberá sem dúvida a sua punição justa".
"Centenas de membros do Hezbollah ficaram feridos pela explosão simultânea dos seus pagers" em Beirute, no sul do Líbano e no Vale do Beca, áreas que são redutos do movimento islamista, disse à AFP uma fonte próxima ao grupo libanês. Ele informou que "dezenas de feridos" foram levados ao hospital. Um correspondente na cidade de Sidon indicou que dezenas de ambulâncias chegaram aos centros de saúde.
Segundo o ministro da Saúde libanês, Firass Abiad, a maioria das vítimas apresenta ferimentos "no rosto, nas mãos, no abdômen e até mesmo nos olhos". O Hezbollah declarou que entre os mortos estão os filhos de dois deputados do grupo islamista, Ali Ammar e Hassan Fadlallah, uma menina de 10 anos e dois de seus membros.
O embaixador do Irã em Beirute, Mojtaba Amani, ficou ferido no incidente, informou a televisão estatal iraniana, acrescentando que o diplomata está fora de perigo.
Os bips ou pagers são aparelhos de comunicação por texto que não precisam de cartão SIM nem de conexão à internet. Eles explodiram poucas horas depois que Israel anunciou que iria estender à sua fronteira com o Líbano os alvos da guerra, até agora focada na luta contra o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza.
A rede de TV Al Jazeera disse que foram encontradas cargas explosivas de até 20 gramas dentro dos pagers. O Hezbollah comprou os equipamentos obsoletos – pagers não são conectados à internet – justamente para tentar impedir ataques cibernéticos.
Desde o início do genocídio em Gaza, desencadeado em 7 de outubro de 2023, a fronteira com o Líbano tornou-se palco de confrontos de artilharia quase diários entre o Exército israelense e o Hezbollah, um aliado do movimento islamista palestino – e patrocinado pelo Irã –, situação que forçou dezenas de milhares de civis de ambos os países a fugir.
Israel anunciou a sua decisão de estender a guerra à fronteira com o Líbano para permitir o retorno dos israelenses deslocados. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, foi ainda mais longe e garantiu que a "ação militar" contra o Hezbollah é "o único recurso para garantir o retorno das comunidades do norte de Israel para suas casas".
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, viajará ao Egito nesta quarta-feira (18) para discutir sobre uma nova proposta de cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns, informou o Departamento de Estado dos EUA.
*Com AFP e Al Jazeera
Edição: Rodrigo Durão Coelho