O presidente russo, Vladimir Putin, acirrou o tom em relação ao Ocidente em meio às expectativas sobre a possível autorização para a Ucrânia realizar ataques de longo alcance dentro da Rússia. De acordo com o líder russo, isso implicará em uma "participação direta da Otan" na guerra.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, discutem nesta sexta-feira (13) em Washington se a Ucrânia poderá realizar ataques com mísseis ocidentais de longa distância no território russo. No início desta semana, Biden afirmou que a questão ainda estava sendo resolvida.
Mas nesta sexta-feira (13), a Casa Branca informou que os EUA não mudaram a sua abordagem para limitar o uso de armas estadunidenses por Kiev para ataques nas profundezas da Rússia e não planejam anunciar mudanças sobre esta questão hoje.
O presidente russo, Vladimir Putin, ao comentar o assunto na última quinta-feira (12), declarou que o uso de armas ocidentais de precisão de longo alcance para ataques ucranianos em território russo significará "a participação direta dos países da Otan na guerra na Ucrânia".
"Se esta decisão for tomada, isso significa nada menos do que a participação direta dos países da Otan, dos Estados Unidos e dos países europeus na guerra na Ucrânia. [...] E isto, claro, muda significativamente a própria essência, a própria natureza do conflito. Isto significa que os países da Otan, os EUA, os países europeus estão em guerra com a Rússia", disse Putin.
Segundo ele, as tropas ucranianas não podem lançar ataques com sistemas modernos de longo alcance e alta precisão sem dados de inteligência de satélites ocidentais, que só podem ser fornecidos pelos Estados Unidos e pelos países da Otan.
Nesta sexta-feira, a Casa Branca afirmou que os EUA levam a sério as declarações de Moscou sobre as consequências do levantamento da restrição do uso de armas por parte da Ucrânia. Desde o início da guerra, o Ocidente manteve restrições sobre o uso do seu apoio militar contra a Rússia, limitando a assistência para fins defensivos.
No entanto, no decorrer do conflito os EUA e os países da União Europeia passaram a permitir ataques ucranianos em território russo, mas, ainda assim, limitando-os às regiões perto da fronteira russo-ucraniana. Caso as restrições sejam mais uma vez abrandadas, isso pode significar uma perigosa escala na guerra.
Rússia expulsa diplomatas britânicos
Em meio à tensão na retórica entre a Rússia e o Ocidente, Moscou decidiu nesta sexta-feira (13) expulsar diplomatas britânicos sob a acusação de espionagem. De acordo com a inteligência russa, os diplomatas realizavam trabalhos "de reconhecimento e subversão".
O Serviço Federal de Segurança (FSB) russo declarou que os diplomatas estavam "ameaçando a segurança da Federação Russa" por supostamente ajudar a coordenar "a escalada da situação política e militar" na Ucrânia para garantir a derrota da Rússia no conflito.
Ao comentar a decisão, o Ministério das Relações Exteriores britânico classificou as acusações como absurdas e vinculou a expulsão de diplomatas à decisão tomada por Londres no mês passado de expulsar funcionários da diplomacia russa no país.
Edição: Rodrigo Durão Coelho