CRISE CLIMÁTICA

Agosto concentra quase metade das queimadas do ano; Cerrado é o bioma mais prejudicado

Áreas afetadas pelo fogo no mês passado correspondem a um aumento de 149% em relação a 2023

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
No Pantanal, a área queimada entre janeiro e agosto de 2023 aumentou 249% em comparação à média dos cinco anos anteriores - Joédson Alves/Agência Brasil

No mês de agosto, o fogo atingiu 5,65 milhões de hectares no Brasil, quase metade de toda a área queimada no país desde janeiro, segundo dados do Monitor do Fogo, da plataforma Mapbiomas. Na comparação com agosto de 2023, o fogo consumiu 3,3 milhões a mais este ano, representando um salto de 149%.  

Com o crescimento da área queimada no Brasil em agosto, o total acumulado desde janeiro mais que dobrou em relação ao mesmo período de 2023. Foram 11,39 milhões de hectares – 6 milhões a mais, ou um crescimento de 116%, na comparação com o ano passado.

Aproximadamente 70% da área queimada é de mata nativa, principalmente em formações campestres, que representaram um quarto de toda a vegetação queimada no Brasil nos oito primeiros meses deste ano. As pastagens lideram as áreas de uso agropecuário queimadas no período, com 2,4 milhões de hectares. 

"A combinação de atividades humanas e condições climáticas desfavoráveis, como a seca, está intensificando a ocorrência de incêndios, especialmente em áreas de pastagem e vegetação nativa" alerta Ane Alencar, diretora de Ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do MapBiomas Fogo. 

O Cerrado foi o bioma mais afetado, com 2,4 milhões de hectares, ou 43% de toda a área queimada no Brasil no período. Embora as queimadas sejam comuns em agosto, a proporção da devastação neste ano é preocupante.  

"Agosto trouxe um cenário alarmante para o Cerrado, com um aumento expressivo da área queimada. O bioma, que é extremamente vulnerável durante a estiagem, viu a maior extensão de queimadas nos últimos seis anos, refletindo a baixa qualidade do ar nas cidades", diz.  

A Amazônia vem em seguida, com 2 milhões de hectares queimados. Dois estados que mais queimaram em agosto ficam neste bioma: Mato Grosso e Pará. Em terceiro lugar, vem Mato Grosso do Sul. Os municípios de São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS) foram os que tiveram as maiores áreas queimadas.

Esses são os dois municípios com o maior rebanho bovino do país, com aproximadamente 2,5 milhões e 1,9 milhões de cabeças de gado, respectivamente, de acordo com dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em terceiro lugar em área afetada pelo fogo, está Porto Murtinho (MS). 
 
No Pantanal, a área queimada entre janeiro e agosto de 2023 aumentou 249% em comparação à média dos cinco anos anteriores. Foram 1,22 milhão de hectares, 874 mil a mais que a média. Desse total, 52% queimou em agosto. Os 648 mil hectares consumidos pelas chamas em agosto  representam a maior área queimada já observada no bioma para esse mês pelo Monitor do Fogo.

"A atenção para a alta incidência de incêndios permanece, visto que o mês de setembro é historicamente o mês que mais queima no bioma, que passa por um período de seca extrema", alerta Eduardo Rosa, do MapBiomas. 

Edição: Thalita Pires