Maria Felipa estica
A corda de toda a coragem
Ensina para nós toda sua ginga
Senhora da liberdade
O verso que compõe uma das faixas do álbum Sete Mulheres Pela Independência do Brasil é entoado em coro por Zélia Duncan e Ana Costa.
O trabalho que completa um ano de lançamento é uma reinvindicação das duas artistas de pensar um outro 7 de setembro, dia da Independência do Brasil.
O trabalho é composto por sete faixas, cada uma homenageando uma mulher importante na luta pela emancipação do país, porém negligenciada pela história. Entre elas, Maria Felipa de Oliveira. Nascida na Ilha de Itaparica, em Salvador. A heroína era marisqueira, pegou em armas e liderou um grupo para atacar embarcações portuguesas e garantir o avanço da revolução na Bahia.
“É muito forte, isso é muito lindo. A história da Maria Felipa mesmo, é maravilhosa, inspiradora sabe? As mulheres se juntando na guerra, em prol de um objetivo”, comenta Ana Costa em entrevista ao programa Bem Viver desta sexta-feira (6).
O trabalho da dupla é inspirado na pesquisa e atuação da historiadora Heloísa Starling. Foi Zélia Duncan que conheceu a escritora e a partir de conversas foi se concebendo a proposta do disco.
A historiadora apresentou a Duncan o livro Independência do Brasil – As mulheres que estavam lá (2022), que conta com pesquisa de Antonia Pellegrino, Cidinha da Silva, Marcela Telles, Patrícia Valim, Socorro Acioli e Virgínia Siqueira Starling.
Então a cantora fluminense lembrou de Ana Costa por conta de uma trajetória que as duas já vinham construindo em outro disco lançado em parceria, também enaltecendo o ser mulher em um país tão opressor.
Além de Maria Felipa, o disco homenageia Dona Hipólita Jacinta, Maria Quitéria de Jesus, Ana Maria José de Lins, Urânia Vanério de Argollo Ferrão, Bárbara de Alencar e Maria Leopoldina.
Álbum foi lançado em 7 de setembro de 2023 / Divulgação
Recomeçar
Enquanto cogita uma continuidade do disco, Ana Costa lanço um novo trabalho, desta vez em parceria com o jornalista Lichote. O álbum conta com uma participação da forrozeira potiguar Juliana Linhares e foi lançado pelo selo Peneira.
Pra Recomeçar começou ainda durante a pandemia, quando Costa se resguardou em casa e usou o tempo para estudar e investir mais na área de produção musical.
“A gente começou a conversar na época da pandemia, depois se encontrou e firmamos esse compromisso de fazermos um álbum, colocar essas músicas aí”, comenta artista sobre a relação com Lichote.
Ana Costa valoriza o movimento de se apropriar das ferramentas de áudio para ter mais controle e possibilidade de gravar e lançar trabalhos de forma totalmente independente, mesmo que isso signifique abrir mão de usar os equipamentos mais atualizados do mercado.
“Eu fiz esse movimento na época da pandemia. Tem um grupo, o Samba que Elas Querem, só de mulheres, e elas estavam assim, desanimadas. Eu falei 'Pô, vamos gravar'. Levei todos os equipamentos pra casa de uma das meninas, montei os microfones, montei as coisas”, lembra Costa.
Ana Costa e Lichote começaram a trabalhar durante a pandemia e firmaram parceria para lançar disco juntos / Foto: Monica Ramalho
“Ficou lindo? Não, não ficou. A música tá aí, sabe? Mas assim, a alma do negócio foi linda, como a coisa aconteceu, foi lindo. A qualidade poética é das melhores possíveis”, celebra.
Ana Costa lembra de outra experiência semelhante com outro grupo de mulheres do qual participa, um coletivo de artistas com mais de 50 anos de idade.
“Aquele trabalho que eu faço, do coletivo 50 + todas são todas compositoras e são ótimas compositoras, e a gente resolveu juntar forças. Eu acho que a parada é essa, se juntar com quem quer trabalhar com a gente e, sabe, meter o pé na porta".
“Se tem que mixar eu vou lá e mixo, pode não ficar maravilhoso como um engenheiro de áudio que faz em um estúdio lá em Los Angeles, entendeu? Mas eu boto meu trabalho na rua. Isso eu aprendi muito com a galera jovem. Com a galera do pop, do hip-hop, do trap, sabe? Do funk...”
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Edição: Nathallia Fonseca
