VIOLÊNCIA

Em meio a incêndio, policiais agridem moradores do Acampamento Marielle Vive, em Valinhos

Famílias estavam envolvidas no combate ao fogo quando foram violentadas pela Polícia

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Morador ferido após ação policial em Valinhos, em São Paulo - MST/Divulgação

No início da noite deste sábado(31), uma ação policial deixou os moradores do Acampamento Marielle Vive, em Valinhos, em São Paulo, feridos e assustados. Enquanto a comunidade ajudava o Corpo de Bombeiros a combater um incêndio na vizinhança, a PM invadiu o acampamento e, segundo os trabalhadores acampados, agiu com truculência. 

"O fogo tinha começado mais ou menos uma hora antes desse incidente. As famílias estavam todas concentradas lá para apagar o fogo formando brigadas junto com os bombeiros. De repente, foram surpreendidas com um grupo na portaria. Era a polícia chegando com uma truculência impressionante e forçando a entrada do acampamento", afirmou Gerson Oliveira, da direção estadual do MST, em São Paulo. 

Em nota publicada nas redes sociais, o MST informou que a polícia chegou ao local com 10 viaturas e cinco motocicletas. Os policiais estavam fortemente armados com calibres 12, submetralhadoras, pistolas e bombas. Eles ameaçaram os moradores e agrediram os trabalhadores que formaram resistência contra a invasão. Alguns deles ficaram feridos.

A direção do movimento não sabe informar quantos foram atingidos e qual o estado de saúde deles no momento. 

Ainda na nota, o MST questionou a legalidade da ação policial e levantou suspeita sobre uma possível ação coordenada, entre a operação policial contra o acampamento e a ocorrência do incêndio. 

"O argumento dado foi de que eles precisavam entrar para fazer a proteção dos bombeiros que estavam dentro. Coisa que nunca vimos. Perguntado para os bombeiros, eles disseram que não chamaram a polícia, não foram eles. Mas havia cerca de dez viaturas na frente, com armas de calibre pesado e a ameaçando tirar as pessoas se não deixassem eles entrarem. Ficaram fazendo pressão, engatilhando as armas, sacando as bombas que seriam possivelmente atiradas e assim por diante", afirmou Gerson. 

O MST calcula que foram 800 mil metros de vegetação queimados. O fogo atingiu um barraco das famílias e também queimou áreas de produção do acampamento. O movimento fará mutirões para o plantio de mudas e reflorestamento

Além disso, o MST vai cobrar a investigação sobre origem do fogo e também sobre a operação policial, além de cobrar mais agilidade do Incra na regularização das famílias acampadas. 

O Brasil de Fato entrou em contato com Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, para obter mais informações sobre a ação policial, e até o momento na obteve resposta. 

A polícia nos respondeu após a publicação dessa matéria. 
 
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que a Polícia Militar  "foi acionada para atender uma ocorrência de incêndio, na tarde de sábado (31), dentro da comunidade, em Valinhos. Para a equipe dos bombeiros conseguir atuar no local, foi necessário solicitar apoio da Força Tática, RPM e demais viaturas. As chamas foram controladas pelo Corpo de Bombeiro."

Sobre a denúncia de violência policial e agressão aos moradores, a nota informa que "qualquer denúncia de excesso e violência policial pode ser  comunicada à Corregedoria da instituição para as medidas cabíveis."

Edição: Camila Salmazio