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Rússia e Ocidente realizam histórica troca de prisioneiros: o que se sabe sobre o acordo?

Troca envolve jornalista do EUA, Evan Gershkovich, e presos políticos russos e é a maior desde a Guerra Fria

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Jornalista dos EUA, Evan Gershkovich, acusado de espionagem, antes de uma audiência no tribunal russok, em 26 de junho de 2024. - Natalia Kolesnikova/AFP

A Rússia e os EUA realizaram nesta quinta-feira (1º) uma massiva troca de prisioneiros, que envolveu a libertação do jornalista estadunidense do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, que cumpria pena por acusação de espionagem. Alguns dos mais notáveis nomes da oposição na Rússia também foram libertados. Em troca, vários presos russos foram devolvidos a Moscou. 

A troca de prisioneiros foi realizada em Ancara, na Turquia, e foi transmitida ao vivo pelo canal de televisão turco NTV, destacando a notícia da chegada de dois aviões da Rússia a Ancara. De acordo com a mídia turca, a operação envolve a troca de 26 prisioneiros da Rússia, EUA, Alemanha, Polônia, Eslovênia, Noruega e Belarus.

Normalmente, este tipo de troca de prisioneiros ocorre no território de um país que mantém relações políticas no mínimo neutras com todos os países envolvidos no acordo. A informação foi publicada inicialmente pela agência Bloomberg, citando fontes próximas aos presos políticos. Posteriormente, diversos meios de comunicação dos EUA, com o canal CBS e CNN, replicaram a notícia com mais detalhes da operação e com fontes da Casa Branca. 

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que vai comentar a troca de prisioneiros entre a Rússia e os Estados Unidos “no devido tempo". "Talvez ainda hoje", completou Peskov.

Um dos principais nomes envolvidos no acordo é o jornalista do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, acusado de espionagem pelas autoridades russas enquanto realizada reportagens investigativas como correspondente no país. Ele nasceu em 1991 em Nova York. Seus pais haviam emigrado da União Soviética para os Estados Unidos em 1979.

Especializado em temas relacionados à Rússia, Ucrânia e outras repúblicas da ex-URSS, ele cobria eventos ligados à guerra na Ucrânia e a política externa da Rússia. A sua prisão tornou-se mais uma sério motivo de tensão bilateral entre Rússia e EUA desde que a detenção ocorreu, em março de 2023.

Outro preso envolvido na troca, de acordo com relatos da mídia, é Paul Whelan, ex-fuzileiro naval e cidadão dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Irlanda e Canadá. Ele foi considerado culpado de acusações de espionagem em 2020, dois anos depois de ter sido detido em Moscou.

Também estariam inclusos no intercâmbio o cidadão alemão Rico Krieger, o político russo Ilya Yashin, e o oficial do FSB Vadim Krasikov.

Nos últimos dias, cerca de dez prisioneiros condenados por acusações políticas foram levados das suas colônias de prisão e centros de detenção preventiva russos para um destino desconhecido. Os relatos causaram uma expectativa na mídia e entre grupos de direitos humanos de que estava sendo preparada uma troca de prisioneiros na Rússia. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho