O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi nomeado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) nesta segunda-feira (29) para mais um mandato no país. Agora, o chefe do Executivo ficará no poder até 2031, com as próximas eleições presidenciais venezuelanas marcadas para 2030. O presidente reeleito fez um discurso na sede do órgão eleitoral e afirmou que o resultado das eleições confirma a vitória de uma batalha “definitiva contra o fascismo e os demônios”.
Com 80% das urnas apuradas, Maduro recebeu 51,2% dos votos. O segundo lugar foi Edmundo González Urrutia, que teve 44,2%. A posse de Maduro está marcada para 10 de janeiro de 2025.
Durante o evento, Maduro falou sobre as ameaças da oposição de promover um “caos” e conspirações no país. O chefe do Executivo disse que o governo conseguiu combater esses grupos que, de acordo com ele, contaram com a colaboração de atores internacionais, como o ex-presidente da Colômbia Iván Duque.
Em junho, o Ministério Público da Venezuela disse que investiga uma articulação da extrema direita do país com o grupo paramilitar colombiano Autodefensas Conquistadoras de la Sierra (ACSN) para desestabilizar a política venezuelana. A denúncia foi feita pelo próprio grupo colombiano, que afirmou “não se intrometer” em assuntos internos de outros países.
Maduro disse agora que a oposição quer dar um outro golpe de Estado depois das eleições, que chamou de “Guaidó 2.0”. O nome faz referência ao ex-deputado Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente em 2019, um ano depois da primeira reeleição de Nicolás Maduro.
O presidente reeleito voltou a reforçar a tentativa de articulação internacional para derrubar o seu governo. O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela publicou um comunicado neste domingo (28) denunciando tentativas de intervenção no processo eleitoral e na "soberania da Venezuela". A nota foi emitida horas antes do anúncio oficial da reeleição do presidente Nicolás Maduro e denunciava um grupos de governos que tentam desestabilizar e "desvirtuar" o que foram as eleições venezuelanas.
O documento cita Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e República Dominicana como países que fazem parte do que ele chamou de "operação de intervenção".
Apagão eleitoral
Em seu discurso, Maduro falou sobre o suposto “ataque” ao sistema eleitoral, denunciado pelo CNE durante o anúncio dos resultados eleitorais. O chefe do Executivo afirmou que isso teria sido orquestrado com agentes internacionais. Como argumento, o presidente disse que jornais colombianos e estadunidenses transmitiram alguns protestos de fiscais eleitorais da oposição na frente de centros de votação. Isso teria sido realizado “ao mesmo tempo” em que ocorriam os ataques ao sistema de votação do país.
Clique aqui ou na imagem abaixo para acompanhar a cobertura completa.
O CNE denunciou um ataque ao sistema eleitoral do país durante as eleições presidenciais que teria atrasado a divulgação dos resultados. Os dados foram anunciados à meia noite no horário local (1h10 no horário de Brasília).
Mais cedo, o procurador-geral da República, Tarek William Saab, anunciou a abertura de investigações para apurar os ataques. Ele também relacionou a participação da ex-deputada ultraliberal María Corina Machado ao caso, mas não apresentou provas.
"O principal envolvido neste ataque seria o cidadão Lester Toledo (...) , junto com ele aparecem como envolvidos o foragido da justiça venezuelana Leopoldo López e María Corina Machado", disse Saab em coletiva de imprensa.
Após o pleito, a líder da oposição Maria Corina Machado se negou a reconhecer a derrota de seu candidato, Edmundo González Urrutia.
"Ganhamos e todos sabem disso", disse Machado em uma coletiva de imprensa. "Queremos dizer a toda a Venezuela e ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito, e ele é Edmundo González Urrutia", disse, contrariando o resultado das urnas.
Dificuldades nos primeiros governos
Na cerimônia de nomeação, Maduro lembrou das dificuldades do seu último governo, marcado pelo endurecimento das sanções promovidas pelos Estados Unidos. Ele disse que o país conseguiu, sob o seu governo, deixar uma das crises mais duras da história da Venezuela. O país chegou a hiperinflação e o descontrole cambiário, que fizeram a economia entrar em recessão. O presidente valorizou o que chamou de “conquistas” do governo e diz que os próximos anos serão de “prosperidade”.
O chefe do executivo afirmou que vai cumprir a promessa feita na campanha de convocar um grande diálogo nacional. Ele irá ao Miraflores ainda na tarde desta segunda-feira assinar uma proposta de diálogo para todos os setores econômicos para ampliar os investimentos. “O único requisito é ser venezuelano, amar a Venezuela e respeitar a Constituição”, afirmou.
Em quase 1 hora e 40 minutos de discurso, Maduro anunciou uma nova consulta popular das comunas em 25 de agosto. A última consulta foi realizada em abril e escolheu 4.500 projetos que receberam US$ 10 mil cada (R$ 56 mil) em diferentes comunas do país. A proposta é que, a partir de agora, aconteçam 4 consultas por ano, uma em cada trimestre.
Ele terminou sua fala afirmando que a paz deve prosperar na Venezuela nos próximos anos e concluiu o discurso com a frase: “Nós sempre venceremos”.
“Eu sou Nicolás Maduro e assumo o mandato do povo para ser o seu presidente e conduzir o país à paz e à prosperidade, à unidade nacional, através do diálogo, e para fazer da igualdade, da igualdade, da paz, dignidade, independência e união", concluiu o presidente em juramento.
Edição: Rodrigo Durão Coelho