O ex-vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, afirmou neste domingo (28) que a missão do chavismo é trabalhar pelo aprofundamento da “democracia revolucionária” venezuelana independentemente do resultado da eleição. Arreaza conversou com o Brasil de Fato ao votar no mesmo colégio que o ex-presidente Hugo Chávez costumava depositar seu voto e disse que a Venezuela tem diferentes tarefas a cumprir. Ele afirmou que os apoiadores de Chávez e do atual presidente Nicolás Maduro devem ajudar a realizá-las, estejam no governo ou na oposição.
“Temos que aprofundar a democracia revolucionária, dar mais poder ao povo em seu território, consolidar conselhos de comunas, gerar mais processos de decisão em coletivos e assembleias e, claro, no campo econômico, gerar as condições para desatarem as forças produtivas do país”, afirmou ele.
Arreaza foi ministro de Chávez e Maduro e substituto imediato do atual presidente da Venezuela de 2013 a 2016.
Para ele, a Venezuela enfrenta dificuldades econômicas porque sofre com mais de 900 sanções impostas ao país pela comunidade internacional, especialmente pelos Estados Unidos.
Ele, aliás, espera que essas eleições sirvam para o fim dos bloqueios já que, segundo ele, estão sendo realizadas com ampla participação de candidatos de diferentes campos políticos venezuelanos. São 10 candidatos a presidente, por exemplo. Desses, nove são considerados de oposição ao governo de Maduro, sendo que a campanha do principal adversário, Edmundo González, é liderada pela ultraliberal María Corina Machado.
“Que possamos voltar ao caminho do desenvolvimento econômico, no qual já deveríamos estar se não fosse essas agressões internacionais”, afirmou.
Tranquilidade
Arreaza afirmou que o dia de votação na Venezuela transcorre em “absoluta tranquilidade”. Segundo ele, nenhum incidente negativo foi registrado.
Considerando isso, ele espera que todos os candidatos reconheçam o resultado das urnas neste domingo e que, amanhã, o cenário de paz mantenha-se no país.
“O povo está votando, o processo é muito rápido”, afirmou ele. “O mais importante é que o povo tenha a oportunidade de votar. Estamos felizes em ver o país em tranquilidade”
Eleição acirrada
Neste domingo, os venezuelanos vão às urnas sinalizar se apoiam o projeto da Revolução Bolivariana iniciado por Chávez, hoje representado por Maduro, ou se mudam a rota política do país para a direita.
Os venezuelanos poderão escolher entre 10 candidatos na urna. Maduro busca a reeleição para um terceiro mandato. O principal nome da oposição é o ex-embaixador Edmundo González Urrutia, que tem a campanha liderada pela ex-deputada María Corina Machado.
A ultraliberal está inabilitada pela Justiça por 15 anos por "inconsistência e ocultação" de ativos na declaração de bens que ela deveria ter apresentado à Controladoria-Geral da República (CGR) enquanto foi deputada na Assembleia Nacional (2011-2014).
Oito candidatos correm por fora e não organizaram marchas com protagonismo na campanha: Antonio Ecarri, Luis Eduardo Martínez, José Brito, Daniel Ceballos, Javier Bertucci, Benjamín Rausseo, Claudio Fermín e Enrique Márquez.
Como funciona o sistema eleitoral na Venezuela?
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou em maio que 21,4 milhões de venezuelanos estão aptos a votar no dia 28 de julho. Cerca de 69 mil deles estão fora do país.
A eleição para presidente na Venezuela tem apenas um turno. Ganha quem tiver o maior número de votos. O mandato para o presidente é de seis anos. No país, não há limite de reeleição presidencial. O atual chefe do Executivo é Nicolás Maduro, que concorre à reeleição para o 3º mandato. Antes dele, Hugo Chávez também foi eleito três vezes, mas morreu logo no início de sua 3ª gestão, em 2013.
Para votar, é preciso ter ao menos 18 anos, e o voto não é obrigatório no país. Assim como o Brasil, a Venezuela também usa a urna eletrônica, mas a diferença é que no sistema venezuelano o voto também é impresso. O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano contratou uma empresa em 2004 que desenvolveu e implementou mais de 500 mil máquinas e treinou 380 mil profissionais para operará-las.
O procedimento é simples. Os centros de votação são em escolas públicas. O eleitor entra na sala de votação, valida sua biometria e registra o voto na urna eletrônica. Ele recebe o comprovante impresso do voto, confere se está correto e o deposita em uma outra urna, onde ficam armazenados os votos em papel. Quando a votação é encerrada, o chefe da seção imprime o boletim de urna e faz a contagem dos votos impressos para conferir se estão de acordo.
Para estas eleições, estão presentes como observadores internacionais diversas entidades de distintos países, como delegações da ONU, do Centro Carter, dos Estados Unidos e da União Africana.
Edição: Geisa Marques