Desigualdade

Maior PIB do mundo, EUA rejeitam proposta de Lula no G20 para taxar bilionários

França, Espanha e África do Sul apoiam iniciativa brasileira, mas Alemanha já havia se posicionado contra

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen - Saul Loeb / AFP

Os ministros das Finanças do G20 reunidos no Rio de Janeiro divergiram nesta quinta-feira (25) a respeito da ideia de um imposto sobre grandes fortunas, defendida pelo Brasil, mas rejeitada pelos Estados Unidos, que deseja que cada país adote seu próprio sistema tributário "justo e progressivo".

Segundo estudo da ONG Oxfam publicado nesta quinta-feira, 1% da população mais rica do mundo viu sua riqueza crescer em US$ 42 trilhões (R$ 236,6 trilhões, na cotação atual) em 10 anos, mas sua tributação é "historicamente" baixa.

A iniciativa de taxar os super-ricos é impulsionada no G20 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que este ano preside o grupo das maiores economias globais. Os titulares das Finanças abordarão o tema em uma reunião na tarde desta quinta (25), mas a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, já adiantou que seu país é contra um imposto coordenado.

"A política fiscal é muito difícil de coordenar globalmente. Não vemos a necessidade nem acreditamos que seja desejável tentar negociar um acordo global sobre esse tema", afirmou Yellen em uma coletiva de imprensa, defendendo que cada país implemente seu sistema "justo e progressivo". "Os Estados Unidos apoiam firmemente um sistema tributário progressivo, que garanta que indivíduos muito ricos e de alta renda paguem sua parte justa", explicou.

Na quarta-feira (24), Lula apontou que "alguns indivíduos controlam mais recursos do que países inteiros", ao anunciar a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal projeto da presidência brasileira do G20. Fernando Haddad, seu ministro da Fazenda, argumentou na quarta-feira pela taxação dos bilionários como instrumento para financiar o combate à fome.

Washington e Berlim contra imposto

A ideia de um imposto coordenado para os mais ricos surgiu no início do ano e pouco a pouco obteve o apoio de vários países, como França, Espanha e África do Sul. O economista francês Gabriel Zucman estima que a taxa de imposto paga pelos bilionários é de 0,3% de sua riqueza.

Em um relatório recente elaborado a pedido do Brasil, Zucman propôs criar um imposto de 2% sobre as fortunas de cerca de 3 mil bilionários. Mas nem todos os países do G20 apoiam essa ideia. Além dos EUA, o Ministério das Finanças alemão, às vésperas do G20, considerou "pouco pertinente" um imposto mínimo sobre o patrimônio.

*Com AFP
 

Edição: Leandro Melito