LAÇOS COM A CHINA

'Nós não queremos ser reserva, queremos ser titular', diz Lula sobre possível entrada na Nova Rota da Seda

Presidente diz que está otimista com visita de Xi Jinping em novembro para discutir nova parceria estratégia

Brasil de Fato | Pequim (China) |
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista com jornalistas estrangeiros no Palácio da Alvorada - Brasília (DF) - Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que quer discutir a entrada do Brasil na Nova Rota da Seda, a iniciativa de cooperação global promovida pela China. "Eu quero saber aonde é que a gente entra, que posição nós vamos jogar, porque nós não queremos ser reserva, nós queremos ser titular", disse Lula em coletiva com correspondentes de mídias estrangeiras na segunda-feira (22).

Lula disse que participará da reunião anual do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em novembro no Perú. "O Brasil nunca foi convidado, mas dessa vez eu fui convidado. Aí me disseram que a China quer discutir comigo a Rota da Seda. E eu quero discutir com a China a Rota da Seda", disse o presidente.

Essa foi a segunda vez, em menos de uma semana, que o presidente falou sobre a possibilidade de o país se somar à iniciativa chinesa que completou 10 anos em 2023. A última vez foi na sexta-feira (19), em discurso em São José dos Campos, onde o governo anunciou R$ 10,75 bilhões de investimentos do BNDES para obras e intervenções nas rodovias Dutra e Rio-Santos.  

Desde a volta de Lula ao poder em 2022, a China mostra cada vez mais interesse em que o Brasil faça parte da iniciativa, que tem significado investimentos em cerca de 3 mil projetos de cooperação que somam quase US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,6 trilhões). Distribuídos pela Ásia, Europa e África, os projetos nesta primeira década têm sido principalmente de infraestrutura de transporte e energéticos. 

Uma grande festa com a chegada de Xi

Lula afirmou que está otimista com a visita oficial de Xi Jinping ao Brasil, coincidindo com a reunião do G20, e que quer discutir uma parceria estratégica com a China “que envolva não apenas exportação de commodities, mas (...) uma discussão envolvendo ciência, tecnologia, envolvendo a produção de chips, de software. 

“Ou seja, o que nós queremos, na verdade, é ter uma parceria estratégica que faça com que a relação Brasil-China seja infinitamente maior, mais próspera e que possa gerar emprego na China e emprego no Brasil”, explicou o mandatário.

Lula mencionou que este ano completam-se 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e China e disse: “queremos fazer uma grande festa aqui no Brasil porque o presidente Xi Jinping vai vir em uma visita oficial e nós pretendemos discutir com os chineses uma nova parceria estratégica entre o Brasil e a China”.

Até o momento,152 países fazem parte da Nova Rota da Seda, também chamada de Iniciativa do Cinturão e Rota. Após a década de investimentos em grandes projetos de infraestrutura, a China afirmou no último fórum da iniciativa realizado em outubro do ano passado, que o perfil da cooperação mudará para projetos menor escala e focados em outras áreas de cooperação, como educação e energias renováveis.

Edição: Rodrigo Durão Coelho