Investigação

Ramagem presta depoimento à PF nesta quarta-feira (17) sobre 'Abin paralela'

Agência foi utilizada, sob gestão do deputado, para atender a interesses da família de Jair Bolsonaro (PL)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Um dos pontos do interrogatório deve ser a conversa gravada por Ramagem com as advogadas do senador Flávio Bolsonaro - Valter Campanato/Agência Brasil

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), presta depoimento nesta quarta-feira (17) na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, às 15h. A corporação investiga a participação de Ramagem na instrumentalização da Abin para atender a interesses da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).  

Um dos pontos do interrogatório deve ser a conversa gravada por Ramagem com as advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Luciana Pires e Juliana Bierrenbach; o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e o ex-presidente. 

Na reunião do dia 25 de agosto de 2020, Ramagem sugeriu a instauração de um processo administrativo contra os auditores da Receita Federal, que elaboraram o Relatório de Inteligência Financeira (RIF), utilizado no inquérito das “rachadinhas” contra Flávio. A informação consta no relatório da investigação sobre a "Abin paralela", divulgado na quinta-feira (11).

No encontro gravado, as advogadas reclamam dos procedimentos realizados na elaboração do RIF. O senador era acusado de desviar R$ 6,1 milhões de recursos públicos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), por meio do esquema de rachadinha – quando assessores são forçados a ceder parte dos salários para os parlamentares –, enquanto ainda era deputado estadual.   

A denúncia, entretanto, foi arquivada depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anularam as provas com base em documentos elaborados para confirmar a tese da defesa de Flávio Bolsonaro: de que os dados fiscais foram repassados pela Receita Federal à Unidade de Inteligência Financeira (UIF, antiga Coaf) de forma ilegal. 

Ouvir outros servidores da Abin e testemunhas ainda devem ser ouvidos na investigação. Além de ser utilizada para barrar o inquérito contra o filho do ex-presidente, a agência teria monitorado parlamentares, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e jornalistas a fim de perseguir adversários políticos, por meio de computadores e acesso à geolocalização das vítimas sem autorização judicial.  

Edição: Nathallia Fonseca