Detalhes sobre o funcionamento da "Abin paralela" vieram à tona na operação Última Milha, que teve quebra de sigilo autorizada nesta quinta-feira (11) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Além de espionar desafetos e ex-aliados políticos do então presidente Jair Bolsonaro, servidores que trabalhavam na agência de inteligência chegaram a criar um dossiê falso contra o ministro.
A PF também encontrou um áudio em que o general Heleno, Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem, que comandava a Abin na época, discutem um plano para anular o inquérito das rachadinhas, que tinha Flávio Bolsonaro como alvo.
Além disso, a PF também vê indícios de que integrantes da 'Abin paralela' tinham conhecimento da minuta do golpe.
Em entrevista ao programa Central do Brasil desta sexta-feira (12), Daniela Costanzo, pesquisadora plena do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), afirma que as revelações mostram a relação da Abin com as ameaças à democracia que se concretizaram nos últimos anos.
"É a abertura de algo essencial para a gente entender como estava funcionando o golpe, e como funciona o bolsonarismo em geral. Agora a gente tem uma noção de como foi esse aparelhamento”.
No entanto, Costanzo chama a atenção para a importância da Abin, que se mantém apesar dos crimes cometidos.
"Foi uma agência criada durante a democracia, pelo [ex-presidente] Fernando Henrique Cardoso, e não tinha como foco esse uso pessoal para fins anti-democráticos. Pelo contrário, ela é uma agência importante ligada à Presidência da República, que tem concursos públicos regulares. Bolsonaro aparelhou [a Abin] a partir da indicação de diversos nomes, criando essa 'Abin paralela', justamente porque não é esse o uso da Abin", explica.
A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta sexta-feira (12) do Central do Brasil, que está disponível no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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Edição: Martina Medina