Rio de Janeiro

DIA DO ORGULHO

Artigo | Nosso colorido é de diversidade, inclusão, respeito e amor!

A transição da vergonha pro orgulho é a de aceitar a si mesmo, momento mais importante da vida de uma pessoa LGBTQIA+

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Brasil é um dos países que mais mata a população LGBTQIA+ no mundo - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Hoje é dia de celebrar quem somos, o que conquistamos, e nossa trajetória até aqui.

O orgulho, do qual falamos, não é o da arrogância, é o da aceitação. 

Tentam nos mudar desde que nascemos. Buscam nos encaixar em regras e convenções que nunca fomos consultados sobre.

A sociedade capitalista  nos instiga a ter vergonha do nosso amor. E muitos passam uma vida inteira privados da felicidade de amar e ser amado pelas convenções morais da sociedade capitalista.

Mas os costumes, como dizem, não são a única forma que nos atacam. Os padrões são estabelecidos para ranquear e valorar as pessoas de acordo com os interesses de quem controla o sistema.

Pessoas LGBTQIA+ sofrem com a violência desde que nascem. Segundo a Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Educacional no Brasil de 2016, a LGBTQIA+fobia é uma das principais causas de evasão escolar da população LGBTQIA+. Cerca de 27% dos LGBTQIA+ entrevistados afirmaram ter sofrido agressão na escola e 73% foram alvos de xingamento em razão de sua orientação sexual. 

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) aponta que 25% das pessoas trans sofreram violência física dentro do ambiente da escola e 44% nunca informormaram à instituição.

De acordo com um estudo da Comissão de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), cerca de 80% da população trans sofre com a evasão escolar.

O ciclo de exclusão pelo qual passa a população LGBTQIA+, principalmente a população "T", se inicia nos ambientes que deveriam ser de acolhimento: a escola, a família,a igreja.

Um ciclo que nos joga pra longe das universidades e pros piores empregos nas universidades. 

Assim, pessoas LGBTQIA+ enfrentam enorme resistência no mercado profissional de trabalho. A pesquisa Diversidade e Inclusão (D&I), realizada pela consultoria global Great Place To Work (GPTW), aponta que 8% das lideranças de empresas são LGBTI+.

Essa exclusão afeta principalmente as pessoas trans, que cerca de 90% são empurradas para a prostituição. 

O acesso a saúde, direito tão essencial, também nos e dificultado.  Pessoas trans convivem com a dificuldade processo transexualizador que ainda não atende às determinações estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), se baseando na superada Cid-10 da Organização Mundial da Saúde (OMS), induzindo diversos processos e exames equivocados que oprimem e dificultam aceso a direitos.

Além disso, levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que justificativas negacionistas e desinformativas são a base de diversos projetos de lei pelo Brasil que buscam proibir cirurgias de redesignação sexual e tratamentos hormonais para pessoas trans.

Por fim, nos matam. Somos o país que maia mata pessoas LGBTQIA+ no mundo. Um pais que morre. 

O número de pessoas LGBTQIA+ assassinadas no Brasil em 2022 mantém o país no topo mundial entre aqueles que realizam pesquisas sobre esse tipo de violência. Foram 242 homicídios - ou uma morte a cada 34 horas -, além de 14 suicídios. O levantamento é do Grupo Gay da Bahia (GGB).

Já o "Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais brasileiras", da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta que pelo 14º ano seguido, o Brasil foi o país que mais matou travestis e transexuais no mundo. Somente em 2022 foram 131 pessoas trans assassinadas, dessas 130 eram mulheres trans. 

É pra combater essa cadeia nefasta que nos pintamos com as cores do arco-íris, com as cores da vida e tomamos as ruas com orgulho de ser quem somos, de amar quem amamos e de toda nossa luta para chegar até aqui.

Não adianta tentarem negar o amor, não adianta tentarem negar a existência! Nós amamos, nós existimos, nós resistimos e vamos ocupar todos os espaços com nosso amor e nosso orgulho !

A transição da vergonha pro orgulho é a de aceitar a si mesmo, momento mais importante da vida de uma pessoa LGBTQIA+. O dia do orgulho é um dia de celebração e de luta,

Meu nome e Danieli Christovão Balbi, tenho 34 anos, tenho orgulho de ser uma mulher trans preta e comunista. Tenho orgulho de ter recebido a confiança de mais de 65 mil fluminenses pra chegar aqui e falar para os que nos querem longe que nós chegamos, que o amor vai vencer o odio, o orgulho vai vencer a vergonha e que nós vamos pintar essa casa e todo o estado com o colorido da diversidade, da inclusão, do respeito e do amor!

Viva o amor! Viva o orgulho de ser e de amar! Viva a diversidade e a lei pra quem espalhar odio, violência e preconceitos!

LGBTQIA+fobia não é opinião, é crime! E não vamos tolerar nenhuma ofensa, violência ou retirada de direitos!

*Dani Balbi é a primeira deputada estadual da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

**Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato RJ.

Edição: Jaqueline Deister