Um dia após a tentativa de golpe na Bolívia, comandada pelo ex-comandante do Exército, Juan José Zúñiga, preso na noite desta quarta-feira (26) após o levante fracassado na Plaza Murillo em La Paz, a situação nas ruas da capital boliviana nesta quinta é de normalidade.
A repórter Karla Burgoa falou diretamente da Plava Murillo na edição desta quinta (27) do Central do Brasil, programa do Brasil de Fato em parceria com a TVT (veja a reportagem abaixo). "A gente pode observar um cenário mais tranquilo do que ontem (quarta). A gente vê vários moradores, olhares curiosos para saber o que vai acontecer."
Burgoa destaca a presença de grande quantidade de profissionais de imprensa no local, além de líderes de movimentos sindicais bolivianos e populares para demonstrar apoio ao governo de Luis Arce e a democracia no país.
"Repudiamos toda atitude mal intencionada dos militares comandados por Zuniga, que quis derrubar nosso governo, nossa democracia. Repudiamos toda essa atitude golpista e pedimos a nosso presidente e a todas as instâncias da Justiça que investiguem até o último [homem] e que deem o castigo com o peso da lei", defende a dirigente sindical Bertha Barrientos.
"A democracia está ameaçada pelo que aconteceu ontem (quarta), está em risco. Não vamos permitir [um golpe], todas as organizações sociais estão preparadas."
Guilhermina Cuno, do Movimento de Mulheres Indígenas Camponesas, relata que o grupo estava em uma atividade no momento da quartelada e imediatamente se dirigiu para a Plaza Murillo para impedir a tentativa de golpe. "Para nós, ele não respeitou a Constituição, e a eleição democrática de nosso irmão Luis Arce.
Entenda a tentativa de golpe na Bolívia
A quartelada teve início na manhã desta quarta quando Zúñiga se apresentou para o posto de comandante do Exército apesar de ter sido destituído por Arce na noite de terça-feira (25). A decisão do presidente aconteceu após o militar de alta patente se opor publicamente à candidatura do ex-presidente Evo Morales para disputar as eleições do ano que vem. Em declarações nesta semana ele chegou a dizer que Morales "não pode mais ser presidente deste país" e afirmou que estaria disposto a oferecer a vida "pela defesa e unidade da pátria".
Por volta das 14h, Zúñiga se dirigiu à Praça Murillo, em La Paz, onde liderou uma tentativa de golpe em um tanque do Exército acompanhado de outros militares e 12 tanques.
Os golpistas tentaram invadir a Casa Grande del Pueblo, uma das sedes do governo boliviano, quando houve um enfrentamento verbal com o presidente Arce, que ordenou o recuo do general. No momento em que população boliviana se dirigia à Praça Murillo em defesa da democracia, o soldado entrou em seu veículo blindado e deixou o local.
O presidente boliviano prestou então o juramento de posse do novo alto comando militar. Após a partida de Zúñiga, a praça se tornou palco de comemorações populares e um discurso de Arce junto de seu gabinete. O presidente agradeceu às organizações e disse que os responsáveis devem responder judicialmente pelo golpe frustrado o mais rápido possível.
Edição: Leandro Melito