O mundo apresenta atualmente um recorde no número de bilionários e, portanto, taxar os super-ricos é a melhor alternativa para financiar a transição energética, especialmente em países em desenvolvimento. A ideia foi defendida nesta quinta-feira (13) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em discurso na abertura da conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, na Suíça, que tem como tema central a justiça social.
"Nunca tivemos tantos bilionários. Três mil pessoas possuem fortunas de US$ 15 trilhões (acima de R$ 80 trilhões). Isso é mais do que os PIBs somados de Japão, Reino Unido, Alemanha e Índia e mais do que o custo estimado para países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática", disse ele.
"A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos têm os seus próprios programas espaciais. Certamente tentando encontrar um planeta melhor do que a Terra, pra não ficar no meio dos trabalhadores que são responsáveis pelas riquezas deles."
Lula disse que "não precisamos de Marte, a casa é a terra", ressaltando, no entanto, que "o planeta não aguenta mais". O presidente afirmou que a COP30, marcada para Belém em novembro do ano que vem será oportunidade de o mundo - que costuma opinar sobre a Amazônia - "escutar o que a Amazônia pensa sobre ela mesma".
Além de defender a formação de uma coalização global contra a fome e a pobreza e o fim dos assentos permanentes na OIT, o presidente brasileiro disse que o mundo precisa de um "novo contrato social que coloque o ser humano no centro das políticas públicas". O mandatário abordou ainda o uso - e o domínio - de ferramentas de inteligência artificial.
"Precisamos de um projeto de inteligência artificial do Sul Global", disse Lula, ressaltando que essas ferramentas são meramente o uso de dados pessoais por empresas privadas. "É tarefa revolucionária mudar esse quadro", concluiu ele.
Lula anunciou a parceria feita pelo governo brasileiro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para a promoção do trabalho decente no mundo. Formalizada em setembro do ano passado, é uma medida inédita entre os dois países e tem por objetivo combater a precarização do trabalho.
Assista ao pronunciamento
A conferência em Genebra começou no último dia 3 de junho e reúne 187 Estados-membros da OIT. A delegação brasileira conta com integrantes do Executivo, Legislativo e Judiciário, além da sociedade civil, sindicatos ligados a trabalhadores e a empresas. O ministro Luiz Marinho juntou-se a eles na segunda-feira (10).
Após a conferência em Genebra, Lula viaja para a Itália onde participa da Cúpula do G7, reunião de líderes de sete das maiores economias do mundo. O evento ocorre de 13 a 15 de junho em Borgo Egnazia, na região da Puglia, no sul do país. Além das reuniões ampliadas de trabalho, a agenda do presidente prevê encontros bilaterais com autoridades.
Edição: Rodrigo Durão Coelho