cena LGBTQIAPN+

Documentário sobre movimento ballroom vai encerrar Festival Olhar de Cinema, em Curitiba

Filme Salão de Baile estreou em março, em festival de Copenhague; no Brasil, exibições se iniciam no fim do ano

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
O filme "Salão de Baile" encerra a programação da 13ª edição do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba. Foto: - Paula Monte

Com previsão de estreia para o fim do ano no país, o primeiro longa-metragem documental sobre a cena ballroom do Rio de Janeiro, Salão de Baile (This is Ballroom), vai encerrar a 13ª edição do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba, que ocorre de 12 a 20 de junho, na capital do Paraná. A estreia mundial de Salão de Baile aconteceu em março, no Festival Internacional de Documentários de Copenhague – CPH:DOX, na Dinamarca e também será exibido em mais duas mostras internacionais: a primeira é a TRANSlations: Seattle Trans Film Festival, que acontece entre os dias 6 e 9 do mês, nos EUA e em seguida, no Sheffield DocFest, sendo o único filme brasileiro do evento realizado no Reino Unido, entre os dias 12 e 17.

O longa é um mergulho no universo efervescente da cena ballroom do Rio de Janeiro, uma comunidade protagonizada por pessoas  LGBTQIAPN+ que segue a trilha da cultura criada na década de 1970, em Nova York. O longa acompanha uma “ball” (baile) da cena fluminense, onde pessoas negras e/ou LGBTQIAPN+ têm a liberdade para experimentar novas possibilidades de expressão de identidade, de gênero e exercitar seus potenciais artísticos. Várias modalidades de competição acontecem ao longo da noite: moda, beleza, dança, música, desfile etc.

:: Festival Olhar de Cinema exibe mais de 80 filmes nacionais e internacionais a partir desta quarta (12), em Curitiba (PR) ::

“A ballroom é um lugar de potencialização desses corpos dissidentes, um espaço criado por e para pessoas trans e pretas, especialmente, poderem resistir às opressões e celebrar suas existências”, explica Juru, que assina a direção do projeto em parceria com Vitã.Tanto Juru como Vitã fazem parte do movimento ballroom do Rio de Janeiro, assim como a maioria da equipe do longa.

Vitã é Mestra em Cinema e Audiovisual pelo PPGCOM-UFF, coordena o núcleo de criação Ritornelo e a revista de crítica Moventes. Em atividade no mercado audiovisual há 15 anos, trabalhou em projetos para Globoplay, Globosat+, Arte 1, CineBrasilTV e Multishow. E, o roteirista e diretor Juru é artista-pesquisador das artes do corpo, com trabalhos nas áreas da performance, dança e cinema. Desenvolve pesquisas sobre dramaturgia do corpo, cena expandida e o corpo queer/cuir na cena contemporânea, performatividade de gênero, sociabilidade, afetos e a cena ballroom e o voguing no Rio de Janeiro. 

Salão de Baile encerra a programação da 13ª edição do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba, que se inicia nesta quarta-feira (12) e segue até 20 de junho com uma programação de mais de 80 filmes nacionais e internacionais.

O filme de encerramento será exibido no dia 19 de junho, às 19h, no Cinemark Mueller, e às 19h15, no Cine Passeio Ritz. Para saber mais sobre a programação, acesse o site oficial.

:: Criada por negros e latinos nos EUA, cultura ballroom cresce no Brasil como espaço de acolhimento à comunidade LGBTQIA+ ::

Cultura ballroom

A cultura ballroom — em inglês, “salão de baile” — é uma cultura de pessoas LGBTQ+ não brancas que passaram a resistir às constantes violências que sofriam, organizando bailes performáticos.  A comunidade surge nos EUA a partir dos concursos de beleza drag. Na década de 60, uma queen preta chamada Crystal LaBeija se insurge contra a hegemonia das queens brancas. Em 1972, ela e uma amiga criam um evento só para queens pretas, o Primeiro Baile Anual da Casa de LaBeija, fundando tanto o primeiro baile como a primeira “house”.

As houses eram espaços físicos e/ou simbólicos liderados por uma "mãe" ou um "pai" que acolhiam e forneciam cuidados para jovens negros e latinos da comunidade LGBTQIA+ que viviam em situação de vulnerabilidade ou haviam sido expulsas(os) de casa. Ao longo do tempo, os concursos vão sendo ocupados por diversas identidades de gênero: travestis, mulheres trans, homens gays cis, mulheres cis de forma geral. Criam-se outras modalidades além de concursos de beleza e moda. Dentro desse conceito, surge também um estilo de dança, o voguing.

Alguns produtos audiovisuais que incluem elementos da cultura ballroom são: “Vogue”, de Madonna; “Paris is Burning”, de Jennie Livingston; e as séries “Pose” e “Legendary”. Em 2015, surgem as duas primeiras casas ballroom no Rio de Janeiro e a cena começa a se organizar, incentivada pelas mídias digitais e redes sociais. São dois os pilares da cultura ballroom: o baile e a família. Em 2016 acontece a primeira “ball” no Brasil. Atualmente, quase toda semana tem um baile acontecendo em algum lugar do país.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Ana Carolina Caldas