O Instituto Inhotim, maior museu a céu aberto da América Latina, teve um desafio inédito com a exposição planejada pelo artista Paulo Nazareth. O artista mineiro trouxe uma proposta de uma exposição que se adaptará ao longo do período, mudando com o decorrer das estações do ano.
Denominado Esconjuro, o trabalho de Paulo Nazareth mostra como o Brasil colônia e o Brasil atual estão mais próximos do que o tempo histórico revela.
Inhotim também inaugurou em abril uma mostra com a artista portuguesa Grada Kilomba, intitulada O Barco.
Em entrevista ao programa Bem Viver desta quinta-feira (30), o artista mineiro conta que desde 1500 o Brasil vive uma relação particular com a terra, porque a principal atividade econômica do país sempre se concentrou na extração de recursos naturais. E mesmo na atualidade, esse modelo de desenvolvimento não se alterou, argumenta.
"A primeira atividade econômica aqui foi o corte das árvores, do pau-brasil. E aí a gente passa a carregar esse gentílico de profissão, nós não somos brasilienses, brasilianos, brasilindos, nós somos brasileiros, trabalhadores. Todo brasileiro e brasileira carrega no seu gentílico sua profissão, vender Brasil", explica.
O aspecto de denúncia das obras tem inspiração no trabalho desenvolvido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
"Quem acompanha o movimento não tem como não ter uma paixão. É um movimento não só pela terra, mas pela educação também. Além disso, tem todo o espírito de solidariedade, o MST fez muitas doações para necessitados".
Ainda discutindo a origem dos gentílicos, Nazareth lembra que a mesma relação acontece com Minas Gerais.
"Minas Gerais, que tem nome de companhia, a empresa Minas Gerais, a gente também carrega outro nome de profissão, mineiro, aquele que trabalha na mina. Então nós mineiros nascemos com uma jornada dupla, ser brasileiro e vender Brasil, vender madeira, desmate e ser mineiro e trabalhar na mina".
Curadora coordenadora, Beatriz Lemos explica que a ideia ousada de Nazareth foi encarada com entusiasmo e uma certa apreensão pela equipe do Inhotim.
"O artista apresenta sua proposta, isso é de praxe. Quem conhece o Paulo sabe que sempre é um desafio, ele trilha um caminho nesse sentido, de abrir um desvio".
Uma das primeiras tarefas de Lemos como curadora do museu foi, justamente, organizar a exposição de Nazareth.
"É um grande privilégio, é um dos artistas mais contundentes da arte contemporânea. O que temos de arte jovem é muito influenciado por ele. Inhotim realizar essa exposição, com muita remontagens, que vai se reformulando ao longo de dois anos, é algo que nos deixa muito contentes".
Como a curadora explica, a exposição muda por estação. "A que inaugurou no outono vai até meados de agosto. Em setembro teremos uma nova configuração, com novos elementos, saem algumas obras, entram outras. É um novo convite. E assim por diante, teremos mais duas reformas no ano seguinte. O convite é ir para voltar".
Nazareth
Paulo optou por assinar com o sobrenome de Nazareth em homenagem a sua avó, que assim era chamada. O artista conta que ela foi levada, em 1934, para o Hospital Psiquiátrico Colônia, localizado em Barbacena (MG).
O espaço foi um manicômio que, hoje, é conhecido pelas violências e maus tratos contra pacientes, causando a morte de milhares de pessoas ao longo de décadas de funcionamento.
"Minha vó nasceu em 1913 e é de origem do povo Borum, do Vale do Rio Doce. Em 1934, assim que minha mãe nasceu, minha avó é enviado para colonia de Barbacena, que foi uma carnificina das grandes. Hoje já é chamado de holocausto brasileiro", conta o artista fazendo referência ao trabalho da jornalista Daniela Arbex que lançou o livro O Holocausto Brasileiro, conta a história do manicômio.
"Ela fica lá por 20 anos. Em 1964, logo no início da ditadura, ela desaparece, não existe um documento de alta nem de óbito, ela simplesmente some da Colônia. Então meu trabalho é levar Nazareth comigo e ser levado por ela. A minha mãe até hoje chora, ela está completando 80 anos e ainda chora a ausência da mãe".
O Inhotim está localizado no município de Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte. A entrada custa R$ 50 com direito à meia entrada. Toda quarta-feira é gratuita, assim como o último domingo de cada mês.
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Edição: Thalita Pires