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Professores de universidades vão manter greve mesmo após anúncio de acordo feito pelo governo

Presidente do Andes-SN afirma que proposta aceita pela Proifes não tem validade

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Professores decidem manter mobilização e pedem ao governo para retomar negociações - Divulgação/Andes-SN

Professores de universidades e institutos federais vão manter a greve, que conta com representantes de mais de 60 instituições espalhadas por todo o país, mesmo após anúncio feito pelo governo de assinatura de acordo em negociação salarial. Quem afirma é o presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Gustavo Seferian.

Em entrevista ao Central do Brasil, programa do Brasil de Fato em parceria com a TVT, Seferian, que é professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), questionou a legitimidade do acordo, que foi assinado pelo governo e pela Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes).

O acordo prevê pagamento do reajuste em duas parcelas: janeiro de 2025 (9%) e maio de 2026 (3,5%) e reestruturação na progressão entre os diferentes níveis da carreira. Além disso, foi determinada reestruturação de padrões de carreira de forma a garantir reajustes maiores para profissionais nos primeiros anos de docência.

"Nós realizamos, depois do dia 19 de maio, quando recebemos essa última proposta do governo, uma rodada de assembleias em todo o país", disse Seferian. "Mais de 60 assembleias ocorreram para avaliação dessa proposta. Essa sinalização do governo foi rejeitada por todas as bases em greve do Andes-SN", complementou.

O Andes-SN busca garantir reajuste para os profissionais já em 2024. Na próxima segunda-feira (3), trabalhadores e trabalhadoras de institutos cujas bases sindicais estão vinculadas ao Andes-SN vão fazer mobilizações em todo o país, como forma de pressionar o governo a oferecer nova contraproposta.

"Estamos há muito tempo com nossos salários congelados. Tivemos recomposição emergencial tímida para repor nossas perdas e, este ano, não teremos nada. Soma-se a isso a necessidade de termos investimentos significativos nas universidades federais, institutos e Cefets para podermos ter condições elementares de trabalho", afirmou o dirigente sindical.

Governo banca o acordo

O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) afirma que o acordo assinado com o Proifes foi fruto de um "diálogo amplo e transparente" com as entidades. O governo afirma que as instituições que não assinaram os termos, o que inclui o Andes-SN, terão "mais prazo" para levarem a proposta para suas bases e poderão aderir posteriormente.

"Dentro dos limites orçamentários, temos buscado construir a melhor proposta possível e dialogando com as demandas de reestruturação apresentada pela categoria", disse o secretário de Relações de Trabalho do MGI, José Lopez Feijóo.

Edição: Nicolau Soares