TRAGÉDIA CLIMÁTICA

Tragédia climática prejudica setor do turismo no RS e trabalhadores temem perder seus empregos

Só na região da Serra, estimative de perdas é de R$ 400 milhões com fechamento de hotéis e restaurantes

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Rodovia bloqueada no interior de Bento Gonçalves, uma das diversas destruídas na Serra gaúcha - Foto: Divulgação/PMBG

O Rio Grande do Sul é um dos estados mais importantes no turismo e conta com esta área para movimentar parte significativa de sua economia, com milhares de hotéis, restaurantes e meios de transporte essencialmente para servir este segmento e emprega até 200 mil pessoas. Muita gente depende do setor.

Neste momento trágico, tudo isso está às moscas, à espera de hóspedes e clientes que provavelmente não virão tão cedo. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH/RS) monitora o setor e afirma que os prejuízos são incalculáveis. Só na Serra Gaúcha – Gramado, Canela, Nova Petrópolis, por exemplo – são estimados R$ 400 milhões que deixarão de vir para esta região.

O técnico em hotelaria da ABIH/RS, José Justo, diz que só estão na Serra Gaúcha, neste momento "10 ou 12 de visitantes muito corajosos". A empreitada para chegar até lá é impossível. Viagem que se faz em duas horas, hoje só é possível chegar por lá depois de cinco ou seis horas. Há desmoronamentos no caminho e é necessário utilizar desvios vicinais, estradas alagadas, de chão batido ou completamente encharcadas. Não há, sem dúvida, vontade nenhuma de fazer turismo nestas condições.

Gramado enfrentou desmoronamentos em alguns bairros. Os hotéis estão fechados ou só recebem um que outro hóspede. Nem vale a pena abrir. Empregados já temem perder os empregos.

A cidade recebe cerca de 8 milhões de visitantes por ano – do próprio estado, do país e exterior – segundo informa o Sindicato das Empresas de Turismo do Estado, utilizando dados do Sebrae/RS.

Só no município deixarão de ser arrecados R$ 100 milhões em junho e julho, meses da alta estação. "São recursos que chegam através de turistas que vêm curtir nossa hotelaria e gastronomia e ver neve nem sempre provável", disse Ricardo Bertolucci Reginato, secretário de Turismo.


Deslizamento de terra em Gramado / Foto: Divulgação/PMG

Outro obstáculo para o turismo da região é o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho de Porto Alegre, fechado por tempo indeterminado. As pistas estão completamente alagadas ainda hoje em quase toda a sua extensão, além de que equipamentos elétricos, eletrônicos e hidráulicos estão dilapidados.

"A falta do aeroporto terá um impacto gigantesco, ainda mais porque não temos certeza da data de reabertura, por isso não podemos ficar parados esperando", pondera Bertolucci.

No meio deste cenário de tragédia, alguns hotéis de Porto Alegre recebem muitos hóspedes por acolher moradores abonados da própria capital, que fugiram de suas casas e apartamentos. O Plaza São Rafael Hotel, por exemplo, está com ocupação de 60%, um índice anormal nesta época intermediária entre verão e inverno. Os preços desta hotelaria estão sendo mantidos, sem reajustes exploratórios, mas há casos de aumentos de até 30%.

Também há cidades muito ocupadas por pessoas que fugiram de Porto Alegre. Capão da Canoa, no Litoral Norte, com 80 mil habitantes fixos, está com superlotação. Já estão por lá 300 mil pessoas, segundo informa a prefeitura local. A cidade não estava preparada para suportar tal volume de pessoas nesta época do ano. Há registros de problemas de abastecimentos nos supermercados e restaurantes.


Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira