A Federação Única dos Petroleiros (FUP) declarou que a futura presidenta da Petrobras, a engenheira Magda Chambriard, está em sintonia com as ideias da entidade trabalhista. A indicação dela foi oficializada nesta quarta-feira (15), após a demissão de Jean Paul Prates.
A FUP diz que tem agendas comuns com a nova gestora, como o fortalecimento da indústria naval, a ampliação do parque de refino e a geração de valor agregado na cadeia de petróleo nacional.
"Esperamos que a nova presidente ajude a cumprir o programa do presidente Lula, enfrentando os desafios que há junto ao mercado e a uma parte da corporação da Petrobrás, que joga contra a implementação desse programa que foi aprovado pela população nas urnas", avaliou Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP.
Bem menos otimista, o mercado financeiro demonstrou desconfiança com a troca de comando da estatal. A notícia resultou em desvalorização das ações da Petrobras, com queda de 8% nas ações e quase 50 bilhões de reais em valor de mercado.
Analistas de agencias de investimentos declararam à imprensa preocupação com o que veem como maior possibilidade de ingerência política. Ao mesmo tempo, destacaram positivamente o perfil técnico de Chambriard, que tem experiência de 40 anos no setor – metade desse tempo como servidora da Petrobras.
Esperamos que o bom relacionamento seja mantido, diz FUP
A federação, que representa mais de 100 mil trabalhadores do setor, disse que o antecessor de Chambriard no comando da estatal deu atenção à agenda de avanços nos direitos trabalhistas. E cobrou, de forma implícita, que a nova presidenta mantenha o bom relacionamento com o movimento sindical.
"A FUP espera que o relacionamento construtivo desenvolvido ao longo de um ano e três meses da presidência de Jean Paul Prates seja mantido na gestão de Magda Chambriard, em favor do fortalecimento da Petrobrás, do crescimento do Brasil e do diálogo com os trabalhadores", disse a entidade em nota.
A FUP também fez um balanço da gestão Prates, que foi demitido após uma crise envolvendo o pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas.
Para a Federação, Prates acertou ao substituir a Preço de Paridade de Importação (PPI), que gerava aumentos consecutivos para o consumidor. O ex-senador também foi elogiado por sua postura firme contra a privatização das estatais.
Os trabalhadores ressaltaram que, sob Prates, houve a criação da diretoria de transição energética da Petrobras. Mas lamentaram que a nova estrutura não tenha "apresentado nenhum projeto robusto proporcional ao tamanho a empresa".
Quem é Magda Chambriard
A engenheira civil Magda Chambriard foi oficializada nesta quarta-feira (15) como a nova presidenta da Petrobras, após a demissão de Jean Paul Prates do cargo. Ex-servidora de carreira da estatal, é a segunda mulher a presidir a empresa, depois de Graça Foster.
Assim como Prates, Chambriard defende a expansão da exploração petrolífera no Brasil como forma de alavancar a economia do país e é contrária à privatização de operações da empresa.
Ela também segue seu antecessor no apoio ao projeto de perfuração de poços na Foz do Amazonas, também chamada de Margem Equatorial, onde a licença ambiental já foi rejeitada pelo Ibama por falta de estudos técnicos.
Engenheira química e civil, ela entrou como estagiária na Petrobras em 1980, onde foi servidora por 22 anos, antes de se tornar diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016.
Edição: Thalita Pires