Dança das cadeiras

Putin troca peças do governo e destitui ministro da Defesa, Serguei Shoigu

O ex-ministro passa a chefiar o Conselho de Segurança do país; Ministério da Defesa é assumido por quadro econômico

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa da parada militar do Dia da Vitória, em 9 de maio, em Moscou, ao lado do ministro da Defesa, Serguei Shoigu. - Kremlin

O presidente russo, Vladimir Putin, destituiu o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, do seu cargo no último domingo (12). O novo chefe da pasta será o ex-vice-primeiro-ministro dos Assuntos Econômicos, Andrei Belousov. 

Shoigu passa a ocupar o cargo de secretário do Conselho de Segurança da Rússia, substituindo Nikolai Patrushev, chefe do cargo desde 2008, e considerado um dos políticos mais influentes do Kremlin. 

A mudança de quadro acontece no âmbito da formação do novo governo, após Putin assumir o seu novo mandato presidencial. As especulações para a possível demissão do então ministro da Defesa começaram já no dia 7 de maio, dia da posse do quinto mandato do presidente. A maioria dos quadros de alto escalão devem permanecer inalterados. 

Serguei Shoigu chefiava o Ministério da Defesa desde 2012. A mudança de cargo, no entanto, não pode ser encarada como um enfraquecimento ou diminuição de importância de Shoigu no círculo político do Kremlin, considerando o importante peso que o Conselho de Segurança tem nas estruturas de poder do país. 

Ao comentar a mudança de um ministro da Defesa em meio à guerra da Ucrânia em curso, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, explicou a necessidade de substituir o chefe da pasta afirmando que "o Ministério da Defesa deve estar absolutamente aberto à inovação, à introdução de todas as ideias avançadas, para criar condições para a competitividade econômica". 

"Aparentemente, foi por isso que o presidente escolheu a candidatura de Andrei Removich Belousov", disse Peskov.

"Hoje, o vencedor no campo de batalha é aquele que está mais aberto à inovação, mais aberto à implementação o mais rápido possível. E, portanto, é natural que no estágio atual o presidente tenha decidido ter um chefe civil no Ministério da Defesa", acrescentou Peskov.

Andrei Belousov atuava como vice-primeiro-ministro e conselheiro de Putin para a política econômica do país.

Já o decreto presidencial sobre a destituição de Nikolai Patrushev especifica a "transição para outro emprego" como o motivo da sua demissão, no entanto ainda não foi especificada qual será a nova função do ex-secretário do Conselho de Segurança. 

Lavrov alerta Ocidente

Durantes as consultas realizadas no Conselho da Federação (câmara alta do parlamento russo) para a renovação do mandato do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, nesta segunda-feira (13), o chanceler afirmou que se os países ocidentais quiserem resolver a crise ucraniana no campo de batalha, Moscou está pronta para isso.

"É um direito deles, se quiserem estar no campo de batalha, será no campo de batalha", disse o diplomata.

Lavrov reiterou que a Rússia tem afirmado repetidamente que está pronta para realizar negociações, mas apenas "tendo em conta o reconhecimento das realidades atuais".

O ministro indicou ainda que a conferência sobre a Ucrânia que será realizada na Suíça para junho se resume apenas a elaborar um ultimato a Moscou. A Rússia não foi convidada para participar da cúpula sobre as discussões de resolução da guerra. 

Edição: Leandro Melito