DESBUROCRATIZAÇÃO

RS: Após duas semanas de calamidade, 15% das prefeituras solicitaram recursos federais

Verbas motivaram bate-boca entre ministro e prefeito; Basta 'um simples ofício' para solicitar ajuda, diz Integração

Brasil de Fato | Londrina (PR) |
"Sabemos que muitos prefeitos estão focados nas ações de resgate", disse o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes (PDT) - Alass Derivas/@derivajornalismo / BdF

Apenas 69 dos 441 municípios em situação de calamidade no Rio Grande do Sul, 15% do total, buscaram recursos emergenciais junto ao governo federal para socorrer as vítimas das cheias extremas, que atingem mais de 2 milhões de gaúchos desde abril.

Quase duas semanas após o início das tempestades, em 29 de abril, o índice ficou abaixo do esperado pelo governo federal, conforme disse o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes (PDT). 

"Temos 441 municípios em situação de calamidade. Logicamente que, até que seja feito o refinamento dessa classificação, nós imaginávamos que pelo menos 300 solicitassem algum tipo de recurso, mas apenas 69 solicitaram. Aprovamos sumariamente e já liberamos recursos", afirmou Góes, em entrevista neste sábado (11), no Rio Grande do Sul.

"Sabemos que muitos prefeitos estão focados nas ações de resgate. Compreendemos isso, de forma a possibilitar que eles recebam a ajuda enquanto reúnem as informações para o plano de trabalho de ajuda humanitária", complementou o ministro.

Basta um "simples ofício", diz ministro

Segundo o governo federal, uma portaria flexibilizou as regras que destinam verbas federais aos municípios, para atender com mais agilidade a emergência climática no estado.

Waldez Góes declarou que o envio de um "simples ofício" à Defesa Civil Nacional é suficiente para garantir a liberação dos recursos.

"Se o município tem até 50 mil habitantes, a gente adianta logo R$ 200 mil. Se tem até 100 mil, adiantamos R$ 300 mil. Se tiver acima de 100 mil, a gente adianta R$ 500 mil para, rapidamente, comprarem água, cestas básicas; para cuidar das pessoas que estão no abrigo."

Ministro e prefeito discutiram por verbas federais

A destinação de verbas públicas federais motivou uma discussão entre o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta (PT-RS), e o prefeito de Farroupilha (RS), o bolsonarista Fabiano Feltrin (PL-RS). O debate travado por telefone foi publicado a viralizou nas redes sociais.

Feltrin havia se queixado de que o governo Lula (PT) não havia destinado recursos para os municípios do Rio Grande do Sul atingidos pelas enchentes. A queixa ganhou as redes sociais e motivou críticas de parlamentares e influenciadores bolsonaristas ao governo federal, por suposta lentidão na liberação das verbas.

Após a reclamação pública, o prefeito recebeu uma ligação de Pimenta, que perguntou: "Tem alguma coisa [verbas] que o senhor tenha solicitado que não tenha sido aprovado?". Feltrin respondeu: "Eu acho que, como gaúcho, [você] deveria estar ligando para me dar acolhimento".

Novo alerta de inundação no RS

As cheias extremas no Rio Grande do Sul desalojaram até agora 537.380 pessoas. Segundo o relatório da Defesa Civil divulgado neste domingo (12), 143 pessoas perderam a vida, 125 estão desaparecidas e 806 ficaram feridas.

O governo do estado emitiu um alerta de risco de inundação para este domingo (12). Pelas redes sociais, o governador Eduardo Leite (PSDB) aconselhou os moradores dos municípios em risco a não retornarem para suas casas.

Dos 497 municípios do estado, 446 enfrentam problemas devido às chuvas e enchentes, com total de pessoas afetadas em 2.115.704. Há 81.170 pessoas em abrigos em todo o Rio Grande do Sul.

Foram resgatadas 76.399 pessoas pelo trabalho do Estado e de voluntários. A Defesa Civil registra ainda o resgate de 10.555 animais.

Edição: Nicolau Soares