Neste domingo (12), é comemorado o Dia das Mães. Nem todas, no entanto, estão com os filhos vivos para celebrar esse dia.
No México, o Dia das Mães foi transformado em um dia de luta. Com o lema “Sem meu filho, sem minha filha não há 10 de Maio!”, mais de 250 grupos de mães que procuram cerca de 116 mil pessoas desaparecidas convocaram manifestações para celebrar o Dia das Mães nesta sexta-feira (10).
Em outros lugares da América Latina, o dia festivo também é relembrado como um dia de luta de mães. Taty Almeida, que integra o grupo das Mães da Praça de Maio na Argentina, é mãe de Alejandro Martín Almeida, que desapareceu em 17 de junho de 1975, logo no início da ditadura argentina.
Com essa mesma história, em 30 de abril de 1977, mães que tiveram seus filhos desaparecidos vestiram um lenço branco na cabeça e foram à Praça de Maio, no centro de Buenos Aires, para denunciar o terrorismo de Estado.
“Se levo um pano branco na cabeça é porque também arrancaram de mim o mais precioso que uma mulher tem: um filho, meu filho Alejandro Martin Almeida. Nós seguimos resistindo. Fizemos em plena ditadura, porque arrancaram nossos filhos. Saímos como leoas a para exigir respostas. Resistimos a outras ditaduras e governos que não nos escutaram. Assim fizemos e vamos continuar fazendo”, afirma Almeida.
“Com a luta das mulheres, em diferentes lugares e por diferentes motivos, quem disse que somos sexo frágil? Que se lembrem do Dia das Mães de uma maneira política, com esse reconhecimento às mães e às mulheres que lutam por seus filhos”, afirma.
No Brasil, a líder do movimento Mães do Cárcere, Andrelina Amélia Ferreira, conhecida como Andreia MF, atua principalmente, no litoral de São Paulo, no fortalecimento de mães e mulheres diante da violência e violações de direitos humanos por parte do Estado.
“As violências infelizmente não adormecem, elas mudam de CEP, cidade e favela. Infelizmente a busca por justiça é constante. As mulheres, mães e esposas estão sempre na linha frente, porque criam seus filhos muitas vezes sozinhas, com muita luta, e fazem o melhor que podem na criação.”
Hoje, Andreia MF tem um grupo de trabalho de extensão na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde trabalha com mães que perderam seus filhos para o Estado ou para a violência do crime organizado. “Nos encontramos para nos acolher, entre mães e filhas.”
“A criação dos filhos se dá muitas vezes sem a presença da educação, de creches para deixar seus filhos. Aí o estado vem e tira quando deveria dar estrutura. O que me deixa triste diante dos fatos macabros é que independente do nome ou cidade, uma mãe é sempre a mais prejudicada pois vai conviver para sempre com a dor, que não existe reparação.”
“Assim vou articulando, abraçando elas para que multipliquem nas quebradas com o pouco conhecimento que tenho, mais que se torna forte. Elas falam e lutam. Eu só apoio e seguro a mão delas. Entre uma lágrima e outra, eu consigo tirar delas um sorriso de força e resistência”, diz Andreia.
Edição: Matheus Alves de Almeida