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Troca de arroz e feijão por fast-food aumenta o peso da população brasileira

Repórter SUS conversou com pesquisadora que investiga a relação entre a mudança de dieta e o ganho de peso

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Ganho de peso foi maior entre homens e mulheres e acompanhou mudança de dieta - WikiCommons
É importante que o SUS invista fortemente na prevenção dessas possíveis consequências.

Um artigo publicado nesta semana na Revista de Nutrição e divulgado pela Agência Bori aponta os impactos das mudanças de hábitos alimentares na prevalência de sobrepeso na população brasileira. Segundo o trabalho, houve aumento dessa condição entre homens e mulheres de 2008 a 2018.

Realizado por pesquisadoras da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o levantamento mostra que, no mesmo período, o consumo de fast-food aumentou. Em paralelo, alimentos in natura passaram a aparecer menos no prato

Nessa lista estão itens típicos da dieta nacional, como arroz, feijão e café, além de frutas, chás, peixes e frutos do mar, sopas e leite. “Esses achados caracterizam mudanças no padrão de consumo da dieta brasileira e reforçam a necessidade de estimular padrões saudáveis que resgatem a cultura alimentar e os hábitos alimentares do nosso país", alerta o artigo. 

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Em entrevista ao podcast Repórter SUS, a professora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e uma das autoras do trabalho, Ilana Bezerra, afirmou que os dados apontam para uma dieta cada vez menos nutritiva entre as famílias brasileiras. 

“Eles sugerem uma possível substituição das refeições mais saudáveis, com a presença de itens in natura e minimamente processados, por itens que são nutricionalmente desbalanceados. Esses produtos possuem uma elevada quantidade de energia, de gordura, de açúcar e sal. Os ultraprocessados também possuem substâncias de uso exclusivamente industrial, aditivos, espessantes, corantes e aromatizantes”, destaca. 

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Na conversa, a professora ressaltou os danos à saúde associados ao consumo de fast-food e alimentos altamente industrializados. 

“Esses alimentos têm características que estão associadas ao aumento do risco de ganho de peso excessivo, doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, deficiências nutricionais e vários outros desfechos que podem ser desfavoráveis. Alguns ainda nem conhecemos e nem sabemos ainda o que pode acontecer a longo prazo”, alerta.   

Um levantamento do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP (Nupens), publicado em 2022 na revista científica American Journal of Preventive Medicine, atribuiu 57 mil mortes no Brasil ao consumo de ultraprocessados. Segundo os pesquisadores, esse total corresponde a 10,5% das mortes prematuras de 2019 entre adultos de 30 a 69 anos. 
Ilana Bezerra ressaltou que esse cenário exerce pressão sobre o sistema de saúde. Segundo a pesquisadora, a prevenção é essencial para reverter o cenário.  

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“O sistema de saúde deve se preparar para essas doenças que já conhecemos e que estão relacionadas ao consumo desses itens. Mas, mais do que se preparar para receber as pessoas acometidas por essas doenças, é importante que o SUS invista fortemente na prevenção dessas possíveis consequências, com estratégias que reduzam o consumo. Isso envolve ações e estratégias de todo o sistema alimentar, desde o cultivo à produção, fabricação, comercialização”, conclui. 

Ouça o podcast no tocador de áudio abaixo do título desta matéria. 


*O Repórter SUS é uma parceria entre o Brasil de Fato e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz). 

Edição: Rodrigo Chagas