Se ao final das inscrições eleitorais a Venezuela tinha 13 candidatos, depois do período de reajustes o número de candidatos caiu para dez. O principal deles é o presidente Nicolás Maduro. Ele terá de enfrentar, em 28 de julho, nove opositores que, a menos de três meses para o pleito, apresentaram poucas propostas de governo.
Dos 13, Manuel Rosales, Juan Carlos Alvarado e Luis Ratti desistiram de concorrer para apoiarem outros postulantes. O nome que assumiu protagonismo no campo da direita foi Edmundo González Urrutia. Ele se inscreveu mesmo depois do fechamento do período de registros eleitorais e foi apoiado pela Plataforma Unitária, depois de uma disputa interna ao grupo, travada entre o governador de Zulia, Manuel Rosales, e a ultraliberal María Corina Machado – que está inabilitada por 15 anos.
Urrutia, no entanto, não tem uma trajetória política.Trabalhou no Ministério das Relações Exteriores da Venezuela e foi embaixador do país na Argélia e na Argentina. O candidato de extrema-direita se coloca como o principal nome para derrotar Maduro, mas, até agora, não apresentou propostas concretas para um eventual mandato. Em entrevistas, disse que precisa “resgatar a economia” e pediu “união” aos venezuelanos, sem especificar as medidas que tomaria.
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As únicas propostas concretas apresentadas estão ligadas à sua área de atuação profissional: a política externa. Urrutia disse que pretende se reaproximar dos Estados Unidos e criticou a aproximação da Venezuela com Irã e Rússia durante o governo chavista.
“Nos últimos anos estabelecemos alianças com países que são estranhos à nossa tradição como país pacífico e democrático, com Irã, Rússia, Belarus… Não são aliados tradicionais da política externa que a Venezuela tem tido nos últimos anos, que é completamente alheia a esse comportamento que a Venezuela democrática, a Venezuela da República civil, manteve. O país precisa ter mais relação com aqueles que privilegiam o nosso espaço geográfico natural na América Latina e com nossos parceiros fundamentais os Estados Unidos", disse em entrevista ao jornalista Luis Olavarrieta.
Urrutia sequer está fazendo campanha de rua. Ele disse que “não está pensando em percorrer o país” e afirmou o corpo a corpo das eleições será feito por María Corina Machado.
O candidato Antonio Ecarri hoje é o terceiro nome na corrida eleitoral. Fundador do partido Aliança Lápiz, diz ser um “candidato de centro”, que não está alinhado nem ao governo, nem à extrema-direita. Diz ser um candidato que oferece “tranquilidade” e um “caminho seguro” para o país. Apesar de não ter apresentado um plano de governo, prometeu criar restaurantes populares em todo o país, aumentaria os salários a partir da ajuda de organismos multilaterais e acabaria com o Imposto sobre Grandes Transações Financeiras.
Luis Eduardo Martínez é o candidato da Ação Democrática (AD). Ele tem como foco o combate à corrupção e prometeu aumentar os salários mínimos para 200 dólares. Em entrevistas, disse também ser contra as sanções impostas pelos Estados Unidos e afirmou que vai fazer uma reforma constitucional.
O deputado José Brito tem a ideia de criar um Fundo Soberano que receberá o excedente da produção de petróleo e gás no país. O fundo será usado para investir no mercado financeiro internacional e sustentar a economia nos momentos de queda do preço do barril de petróleo. Disse que vai centrar a economia em um eixo petroquímico.
O ex-prefeito Daniel Ceballos é candidato do partido Arepa. Ele foi preso por apoiar as guarimbas em 2014 –protestos violentos organizados por setores da oposição em 2014 e 2017. Disse que vai priorizar o “resgate econômico e a liberdade dos presos políticos”. Prometeu também acabar com a possibilidade de reeleição ilimitada.
Javier Bertucci é pastor e deputado pelo partido El Cambio. Em campanha nas ruas da cidade de Palo Negro, no Estado de Aragua, disse que seu governo se guiará por três eixos: recuperação econômica, restauração do sistema de saúde e recuperação da educação para que a Venezuela seja um “país de primeiro mundo”.
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O comediante Benjamín Rausseo é candidato da Confederação Nacional Democrática (Conde). Em entrevista ao jornalista Luis Olavarrieta, disse que vai propor a venda de 49% das ações da estatal petroleira PDVSA para “capitalizar recursos”. Segundo ele, se eleito, será feito um estudo para implementar um salário mínimo de 300 ou 400 dólares.
Claudio Fermín é ex-prefeito de Libertador e candidato pelo partido Soluções pela Venezuela. Promete colocar professores e industriais para comandar órgãos do Estado. Durante a pré-campanha, disse que o “mais importante” é criar um governo de “unidade e entendimento”.
Enrique Márquez é candidato do Centrados, foi deputado e vice-presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Apresentou 4 eixos para o seu governo: transição democrática de governo, acabar com a reeleição, reinserir a economia no mercado internacional e um debate amplo entre todos os candidatos.
Já o candidato à reeleição, Nicolás Maduro, apresentou um documento com seu plano de governo para os próximos seis anos. Baseado em sete eixos, o atual presidente propõe aumentar os programas do governo chamados de Grandes Missões, enfrentar a crise climática e “ampliar a doutrina Bolivariana em todas as dimensões”. O programa foi votado e aprovado em consulta popular realizada no país.
Edição: Rodrigo Chagas