precarização

Desafios da classe trabalhadora do DF são marcados por desigualdades de gênero e raça, aponta estudo

Mulheres negras recebem menores salários e são maioria na informalidade

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Mulheres negras recebem em média menos da metade do que homens brancos no DF - Bernardo Jardim Ribeiro

A taxa de desemprego do Distrito Federal no primeiro trimestre de 2024 foi de 7,9%, segundo dados divulgados nesta terça (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa um aumento de 0,5% em relação ao último trimestre de 2023. 

O desemprego é um dos diversos desafios enfrentados pela população do DF. Além das dificuldades atreladas ao trabalho informal, à privatização e à precarização das condições de trabalho, a classe trabalhadora é afetada por problemas de infraestrutura que impactam na vida laboral, como o acesso a transporte público de qualidade e à moradia adequada. 

“Garantir à classe trabalhadora de Sol Nascente a mesma qualidade de vida de quem mora no Plano Piloto”, define Rud Rafael, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), como principal desafio do governo do DF (GDF). 

“Existe um inadmissível abismo social no DF que se expressa bastante nos territórios e nas condições de vida de quem realmente construiu e constrói essa(s) cidade(s). No transporte público (para quem usa), no saneamento, no acesso à terra e à moradia, os indicadores sociais mostram que os direitos estão mais para privilégios para poucos, do que realidade para alguns. Existe um recorte de classe, gênero e raça na capital do país que reflete de forma exagerada as desigualdades sociais e segregação territorial que marca a nossa história”, defendeu em entrevista ao Brasil de Fato DF. 

Desigualdades de raça e gênero 

As estatísticas demonstram que as desigualdades no mundo do trabalho no DF são marcadas por questões de raça e gênero. Mulheres negras são as que recebem menores salários e ocupam menos cargos de gerência e direção, enquanto têm a maior taxa de subutilização e são maioria na informalidade. 

É o que aponta o boletim “A inserção da população negra no mercado de trabalho”, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O levantamento foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) do segundo trimestre de 2023. 

Segundo o estudo, o rendimento médio de uma mulher negra no DF é de R$ 2.920, o que é menos da metade do que recebe um homem branco (R$ 7.649, em média). O segundo menor rendimento médio é o de mulheres brancas (R$ 4.105), enquanto um homem negro ganha em média R$ 5.053 no DF. 

O documento aponta ainda que 70,5% do trabalho informal no DF é realizado por pessoas negras. As mulheres negras lideram o ranking de informalidade com 36,8%, enquanto homens negros são 33,7%. 

Políticas públicas e organização popular

Para Rud Rafael, a solução dos desafios enfrentados pela classe trabalhadora no DF depende de políticas públicas e de um orçamento que tenha como prioridade as questões sociais. 

“Infelizmente, a gestão atual não tem mostrado esse compromisso. Pelo contrário, assiste com omissão à deterioração do metrô, ao crescimento da população em situação de rua, ao avanço da dengue e apresenta como solução um conjunto de obras e processos de privatização (como o da Rodoviária do Plano Piloto) que aprofundam esse fosso social”, avalia o coordenador do MTST. 

As organizações e movimentos populares já vem pavimentando esse caminho em busca de um DF menos hostil e desigual, por meio da participação popular. Nós dos movimentos temos apresentado como solução as cozinhas solidárias, as hortas comunitárias, o enfrentamento do risco nas periferias, a construção de moradia popular, a constituição de brigadas de saúde e educação para a população periférica e outras ações. Acreditamos que é nessa direção que deve caminhar um DF que seja construído para e pelas(os) trabalhadoras(es)”, completou Rud Rafael. 

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino