Apesar das diferentes conjunturas políticas em cada país, algumas pautas estiveram presentes de maneira repetida em várias marchas pelo mundo nesta quarta-feira (01), Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora.
O apoio à causa palestina e os apelos por um cessar-fogo na Faixa de Gaza, os protestos contra ajustes neoliberais nas economias e a reivindicação de melhores salários e condições trabalhistas foram bandeiras que unificaram a maior parte dos atos.
França, Grécia, Cuba, Venezuela, Turquia, Líbano, Alemanha, Colômbia, Argentina, Bolívia foram alguns países que registraram grandes mostras de rechaço às operações israelenses que já deixaram mais de 34 mil mortos em Gaza.
Além disso, em algumas cidades, manifestantes lembraram as ocupações de universidades estadunidenses contra o massacre cometido por Israel, que vêm sofrendo repressão policial nos últimos dias.
"Nós queremos expressar solidariedade aos estudantes nos Estados Unidos que estão enfrentando uma grande repressão dos seus direitos e de suas justas demandas", disse um trabalhador que marchou em Atenas, capital da Grécia, à agência AP.
Nos Estados Unidos, a madrugada do dia 1º de maio foi de repressão e prisões dos estudantes que ocupam universidades para protestar contra o massacre em Gaza. O presidente do poderoso sindicato metalúrgico United Auto Workers (UAW), Shawn Fain, se solidarizou com os alunos e disse que a resposta policial foi "errada".
"O UAW nunca vai apoiar prisões em massa ou a intimidação do exercício do direito ao protesto, à greve ou à libre expressão contra as injustiças", disse em comunicado.
Já na Colômbia o apoio veio do próprio presidente, Gustavo Petro, que durante seu pronunciamento a centenas de apoiadores e sindicatos reunidos em Bogotá prometeu romper relações com Israel nesta quinta-feira (02) por considerar que o país tem um "governo genocida".
"Hoje, toda a humanidade está de acordo conosco e nós com ela, não podemos voltar às épocas de genocídio e extermínio de um povo inteiro diante de nossos olhos e de nossa passividade", disse.
Contra o neoliberalismo
Na Argentina, a marcha organizada pelas centrais sindicais se destacou pelo forte rechaço às políticas de ajuste aplicadas pelo governo do presidente Javier Milei.
"Todos os direitos estão ameaçados", foi o alerta feito pela CGT durante atos que encheram as principais ruas de Buenos Aires. Além disso, a Confederação Geral do Trabalho garantiu que a greve geral está mantida para o dia 9 de maio e promete "um plano de luta" contra o governo.
As marchas ocorreram um dia depois da Câmara dos Deputados aprovar a versão modificada da Lei Ônibus de Milei, que inicialmente previa mais de 600 ajustes neoliberais no país, mas foi moderada após derrotas do governo no Legislativo.
Reivindicações trabalhistas também foram registradas na Espanha, onde sindicatos pediram menores jornadas e melhores salários. A ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, e a ministra da Fazenda, María Jesús Montero, prometeram reduzir a jornada semanal para 37,5 horas até 2025.
Repressão
A polícia reprimiu diversas marchas pelo mundo. Em Paris, organizações francesas foram rechaçadas por tropas no centro da cidade. Um dos alvos dos protestos foram as Olimpíadas, que devem ocorrer na capital entre julho e agosto. Sindicatos ameaçam entrar em greve durante os jogos caso as demandas salariais não sejam atendidas.
Nas Filipinas, tropas de segurança reprimiram centenas de manifestantes que se dirigiam para a frente da embaixada dos EUA em Manila e para o Palácio Presidencial.
Já na Turquia, pelo menos 210 manifestantes foram presos, segundo o Ministério do Interior, após tentarem romper um cerco que envolvia a praça Taskim, no centro de Istambul. O local está proibido para manifestações pelo governo do presidente Recep Tayip Erdogan por "razões de segurança".
Edição: Monyse Ravena