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Extrema-direita se articula na Hungria

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Sob liderança do premiê Viktor Orbán, Hungria limitou atuação de organizações de ajuda humanitária que auxiliam imigrantes
Sob liderança do premiê Viktor Orbán, Hungria limitou atuação de organizações de ajuda humanitária que auxiliam imigrantes - Foto: Ferenc Isza/AFP
Herdeiros do franquismo na Espanha, aliados de Donald Trump, deputados paraguaios, foram ao evento

Para quem acha que a ascensão da extrema direita – no mundo, na América Latina e no Brasil – é um fenômeno passageiro, é bom acompanhar a sua intensa articulação mundial.

Na semana passada, por exemplo, a chamada Conferência de Ação Política Conversadora (CPAC), uma típica "Internacional Fascista", reuniu-se novamente – desta vez na Hungria, um dos centros irradiadores dessa corrente na atualidade.

Segundo matéria do jornalista Jamil Chade no site UOL, o encontro visou “articular posições para eleições estratégicas que vão ocorrer em 2024. Entre os convidados está o deputado Eduardo Bolsonaro, além dos herdeiros do franquismo na Espanha, aliados de Donald Trump, deputados paraguaios, membros da equipe de Javier Milei, um ministro israelense e partidos xenófobos da Itália, Eslovênia, Polônia, França, Alemanha, Áustria e Holanda”.

Logo na abertura da CPAC-9, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, comparsa de Jair Bolsonaro, deixou explícito o motivo do evento:

“Vamos ter eleições pelo mundo e elas terão de ser vencidas”. Para ele, esses pleitos ocorrem num período de mudanças na geopolítica mundial e as forças “conservadoras” precisam “colocar fim à inglória era que o Ocidente atravessa... Vamos falar como os liberais trouxeram caos e querem erradicar nossas famílias e acabar com nações”.

Egocêntrico, Viktor Orbán ainda afirmou que seu país é “uma ilha que desafia” as forças progressistas. “Aqui temos um laboratório contra o vírus”.

Elogios ao bilionário excêntrico Elon Musk

Não faltaram elogios no evento ao bilionário excêntrico Elon Musk, dono da plataforma X, que virou ídolo dos fascistas em seus ataques à soberania das nações. Matt Schlapp, ex-estrategista de Donald Trump, destacou o empresário – que recentemente desafiou o Judiciário brasileiro, o governo da Austrália e a União Europeia – como líder da reação à “censura” de governos. “Nas eleições nos próximos anos, vamos vencer para sempre o comunismo”, afirmou o lunático.

O filhote 03, o deputado Eduardo Bolsonaro – vulgo Dudu Bananinha – também ocupou parte do seu discurso para bajular Elon Musk. “Um dos homens mais ricos do mundo mostrou os bastidores entre Alexandre de Moraes e Twitter”.

Além disso, ele defendeu o tenente coronel Mauro Cid, o ex-faz-tudo do paizão e os patriotários presos pela ação golpista de 8 de janeiro de 2023. Difusor de fake news, o farsante afirmou que há “torturas” no Brasil contra bolsonaristas e choramingou que corre “risco de voltar ao meu país e ter meu passaporte confiscado, ver a FBI bater na porta ou até ser preso... É difícil viver no Brasil neste momento”.

Como aponta Jamil Chade, “os discursos formais são apenas a face pública do encontro. O foco da articulação envolve principalmente as eleições em junho para o Parlamento Europeu, onde a extrema direita chega com posição de destaque em quatro dos seis países fundadores da União Europeia. Outro objetivo central é a eleição americana e o retorno de Donald Trump para a Casa Branca”.

*Altamiro Borges é jornalista e dirigente do Centro de Estudos Barão de Itararé

**As opiniões expressas nesse texto não representam necessariamente a posição do jornal Brasil de Fato Paraná

Edição: Pedro Carrano