Familiares de pessoas que cumprem pena no sistema penitenciário do Paraná realizaram um protesto, na manhã de quarta-feira (24), em frente à Assembleia Legislativa e ao palácio do governo.
O movimento “Preso Tem Família” reivindica condições dignas e humanizadas nas unidades prisionais, além do direito pleno à visitação.
“Eles servem comida estragada e retiram os itens de higiene, roupas e cobertores que eu levo para ele. Nós, para conseguirmos visitar, passamos por constrangimentos num raio-x que não consegue diferenciar uma mulher grávida”, conta uma das manifestantes que não quis ser identificada. O grupo denuncia também o descaso no atendimento à saúde das pessoas presas.
De 2013 a junho de 2023, cerca de 17 mil pessoas morreram nos presídios brasileiros. Os dados, divulgados pela Folha de São Paulo e cedidos por órgãos do sistema prisional brasileiro, foram analisados pela Vital Strategies - organização internacional que atua junto a governos na recomendação de políticas públicas - chegando à conclusão de que 95% dessas mortes seriam evitáveis.
Rafaela Alves cumpre sentença no regime semiaberto e fundou o grupo "Guerreiras do Paraná" para auxiliar familiares de presos no estado. Ela conta que as pessoas presas sofrem diferentes opressões:
“Eu estou há 3 anos com tornozeleira, tenho 6 filhos, um deles autista, e a gente sofre por não ter oportunidade de emprego, de ressocialização… A gente quer mudar de vida, a gente não quer voltar pro crime, a gente quer um mundo diferente”, desabafa ela.
Audiência Pública
No dia 14 de maio o deputado estadual Renato Freitas (PT) vai realizar uma audiência pública para discutir as demandas do sistema penitenciário do Paraná. O encontro acontece a partir das 9h, no Plenário da Alep.
Freitas participou da mobilização em apoio aos familiares. “Sabemos que a justiça no Brasil só funciona para punir os pobres e os pretos. Os criminosos de colarinho seguem livres e governando. Enquanto isso, as denúncias de tortura, maus-tratos e mortes de pessoas presas são abafadas pelo discurso punitivista que normaliza a desumanidade”, apontou Freitas.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Pedro Carrano