No próximo sábado, o Armazém do Campo inaugura oficialmente uma nova sede na cidade de São Paulo. O endereço, Alameda Nothman 806, fica no bairro Campos Elísios, no centro da capital paulista. A mudança mantém o espaço na simbólica região central, alvo histórico de especulação imobiliária e cenário de manifestações populares que mudaram o país.
No novo local de funcionamento, o Armazém divide espaço com outros movimentos e organizações, como a livraria da Editora Expressão Popular. Essa reunião fortalece o caráter de celeiro cultural, já impresso na identidade da iniciativa desde o início, há quase oito anos.
"Nós temos esse privilégio de estar na casa dos movimentos sociais, na casa do povo brasileiro, fazendo esse contraponto na batalha das ideias, contra essa direita perversa, que quer destruir nossos direitos. O Armazém do Campo é mais um que se soma”, afirma Ademar Suptitz*, coordenador da rede.
Nas palavras dele, o espaço pertence à classe trabalhadora e busca atrair um público preocupado com as questões sociais, o consumo consciente e a preservação do meio ambiente. “O sentido é as pessoas se sentirem entre iguais. É um espaço em que as pessoas serão acolhidas e vão acolher.”
A ideia de criação de pontos de comercialização de alimentos da reforma agrária surgiu há quase oito anos no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a partir da percepção de que era preciso conectar os frutos do trabalho das famílias do campo ao ambiente urbano. Hoje, há mais de 30 unidades em todo o Brasil.
Suptitz afirma que a comercialização já acontecia no cotidianos das comunidades, assentamentos e acampamentos, principalmente em feiras. A partir de políticas como O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), veio a necessidade de mais profissionalização nesse processo.
Um trabalho coletivo criou a marca Armazém do Campo - Produtos da Terra, que com o passar dos anos se consolidou como maior rede de distribuição de produtos da reforma agrária de todo o país.
Nas prateleiras é possível encontrar centenas de produtos in natura a industrializados. Uma lista que inclui arroz, feijão, farinhas, frutas, verduras, hotaliças, óleos, derivados do leito, mel, açúcar e mais. Tudo vem de assentamentos do MST espalhados pelo país.
Além das centenas de produtos orgânicos e agroecológicos, a rede de Armazéns do Campo se firmou como cenário voltada para a cultura e para o debate democrático. Não só na cidade de São Paulo, mas em todas as unidades, há eventos semanais com esse foco.
“É possível encontrar produtos da reforma agrária em qualquer outro estabelecimento e até em grandes redes, mas aí é outro sentido. Aqui, o nosso sentido é ser um espaço que a nossa militância está tocando. Além de estarmos disponibilizando o nosso alimento, também estamos fazendo esse debate, criando esse caldo em torno do alimento saudável, em torno do projeto de agricultura que nós defendemos que é a agroecologia.”
O Armazém do Campo em São Paulo funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 20h. Aos sábados, a casa fica aberta 9h às 19h e oferece um almoço que já virou tradicional na capital paulista. Para saber onde encontrar uma loja em outras cidades ou comprar online, acesse o site www.armazemdocampo.com.br.
*Ouça a entrevista na íntegra no tocador de áudio abaixo do título desta matéria.
Edição: Matheus Alves de Almeida