Brasília 64 anos

Brasilienses querem mais escola, transporte, cultura e assistência para saúde mental na periferia

Atraindo pessoas de todo Brasil, população da capital chega a 2,8 milhões em seis décadas

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Bizza (centro) e suas colegas na Cozinha Solidária do Sol Nascente - Arquivo Pessoal/Divulgação

Com 64 anos, Brasília é uma das cidades mais novas do país. Com um crescimento populacional acelerado se tornou a terceira maior do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. A capital brasileira, que é uma cidade e ao mesmo tempo uma unidade federativa – o Distrito Federal – faz aniversário neste domingo (21) e o Brasil de Fato DF ouviu pessoas de diferentes grupos sobre o que querem para o futuro de Brasília.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Brasília que sempre teve um crescimento acelerado quase dobrou de população nos últimos 30 anos, com pessoas que chegaram de todo o País, com destaque para a população do Nordeste. É o caso de Bizza Araujo, que veio da Bahia em 1998. Uma mulher preta, mãe de 4 filhos, moradora do Sol Nascente e coordenadora do MTST no DF. “Eu amo Brasília, porque é um lugar que me trouxe esperança, alegria, minha moradia, apesar de tudo”, resumiu Bizza.

Apesar de gostar de morar na capital, Bizza como muitos brasilienses que moram na periferia não deixam de ressaltar o quão excludente é Brasília. “Para o futuro de Brasília eu queria que a nossa periferia tivesse pelo menos a aparência no Plano [Piloto]. Tivesse árvores, tivesse parquinhos, tivesse mais cultura, mais escolas públicas, porque lá no Plano tem um monte de escola e não tem alunos. Nossos filhos têm que sair da periferia para estudar lá”, destacou Bizza, que também atua no projeto da Cozinha Solidária do Sol Nascente.

Para o artista Deyvid Cardoso, que trabalha apresentações teatrais e audiovisual, é importante que o setor cultural da cidade se fortaleça ainda mais e que a população brasiliense veja a produção periférica. “existe muita música, poesia, cinema, teatro e cultura no geral sendo produzido aqui”.

“Tenho certeza de que vai fortalecer essa produção periférica e não só dentro da periferia, porque eu sei que a periferia já faz esse trabalho, já é vista, já é fomentada dentro da própria periferia, mas que seja abrangente, que vá para as outras áreas, que vá para as outras Ras [Regiões Administrativas] aqui no DF”, defendeu Deyvid, que integra o programa Jovens de Expressão da Ceilândia, ao falar do que espera para do setor cultural de Brasília.


Deyvid e Wryel em apresentação no Teatro Newton Rossi (SESC Ceilândia) / Arquivo pessoal/Divulgação

Já a estudante do ensino médio, Mirella Chaves, falou das diversas carências que a juventude, sobretudo a periférica, enfrenta diariamente para ter acesso a escola, cursos de qualificação e acesso ao lazer. “Principalmente a questão do transporte público, dos passes escolares que aqui no DF é muito complicado para conseguir”, destacou a estudante.

Mirela, que faz parte do Levante Popular da Juventude, chamou atenção para diversas questões que ela enquanto estudante gostaria de ver melhorar nas escolas públicas, como a infraestrutura, capacitação, participação e saúde mental.

“O que eu queria para o futuro de Brasília é que fôssemos mais valorizados dentro da escola, que recebêssemos apoio psicológico, que eu acho muito importante, porque nem todos os alunos têm acesso a apoio psicopedagógico e eu acho muito importante abordar isso dentro da escola”, defendeu a estudante.

Brasília em 2060

A partir dos dados do Censo 2022, o IBGE projetou a população da capital do Brasil no ano de 2060, quando Brasília vai completar 100 anos. Segundo o Instituto, Brasília terá uma população de 3.789.728 pessoas em pouco mais de três décadas.

De acordo com os dados do IBGE, Brasília que ganhou cerca de 500 mil habitantes em cada uma das cinco primeiras décadas de história registrou o menor crescimento entre os Censos de 2010 e 2022, apenas 9,6%. No entanto, esse crescimento foi maior que o registrado pela maioria das unidades federativas e também ficou acima do crescimento nacional, que foi de 6,5%.

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino