EDITAL

'Sonhar o rio': projeto estimula a produção de arte sobre a crise hídrica na Amazônia

Com inscrições abertas até 21 abril, edital de chamada aberta contempla a concorrência de artistas e não artistas

Brasil de Fato | Imperatriz (MA) |

Ouça o áudio:

A iniciativa propõe intervenções urbanas em cinco capitais brasileiras, ações educativas e exposição na web a partir das obras selecionadas - Divulgação

Sob o título “Sonhar o rio: do direito à luta pela paisagem”, edital de chamada aberta até 21 de abril convoca artistas, profissionais ou não, de qualquer lugar do mundo, para produzirem artes visuais que impulsionem a reflexão sobre a importância da preservação dos rios amazônicos, contribuindo com a promoção cultural, fruição artística, educação ambiental e memória latino-brasileira.

Iniciativa do Muluca, um projeto de arte independente sem fins lucrativos, nascido em Porto Velho (RO) e com o apoio institucional da Bienal das Amazônias, o projeto vai premiar até dez trabalhos, que serão expostos no formato de lambe-lambe nas cinco capitais brasileiras.


Muluca é um agente tencionador de artes e museologias baseado no conceito de ativação coletiva. / Reprodução

Coordenador do projeto, Gabriel Bicho explica que a inspiração surgiu a partir da intensificação da crise hídrica na Amazônia registrada em setembro de 2023, com a seca dos rios e o calor extremo na região, acionando alarmes de focos de calor e queimadas nunca antes visto na história.

“A escassez das águas nos rios levou as comunidades ribeirinhas, os arigós, por exemplo, os caboclos, a viverem por muitos meses sofrendo, e isso me provocou e me afetou de uma forma... porque tenho familiares que são ribeirinhos, me provocou de uma maneira que me fizesse pensar no projeto, na chamada aberta e edital Sonhar o Rio”, explica Bicho.

"Sonhar o rio" receberá propostas em diversos formatos, tais como poesia digital, colagem digital e manual, fotografia analógica e digital, prints screen, ilustração digital e outros, relacionados ao tema e inspirados em questionamentos como: Como sonhar as memórias dos rios? Como sonhar o corpo dos rios sem desassociá-los dos nossos corpos? Como garantir o direito de sonharmos os rios? Como sonhar um rio museu? Como fabular as vidas a partir das correntezas dos rios?


A experiência Muluca vem se desenhando desde 2021, tendo como ponto de partida a cidade de Porto Velho (RO). / Reprodução

Os questionamentos, ainda segundo o coordenador, vieram a partir da obra Futuro Ancestral, de Ailton Krenak, obra inspiradora que aborda a relação entre o rio e o ser humano e aponta, a partir dos rios, a possibilidade de uma possível vida futura.    

“Quando ele fala sobre saudações aos rios. Ele nos convida a saudar os rios, a sonharmos os rios, então baseado nisso, a gente pensou essa chamada”, complementa Bicho.

O resultado da chamada será divulgado no dia 28 de abril e as aplicações das obras ocorrem entre maio e dezembro de 2024, além disso, a chamada destinará aos selecionados o prêmio de R$ 100,00 e um kit com risografia, adesivo, imã, lambe-lambe e caderno artesanal do Muluca e um dos artistas será convidado para participar presencialmente, com passagens custeadas pela chamada, das ações do projeto dentro da programação do Experimenta 2024, festival de arte e cultura a ser realizado pela SeCArtE, na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis (SC).

A inscrição é gratuita e pode ser realizada online entre 19 de março e 21 de abril de 2024.

Edição: Matheus Alves de Almeida