A deputada Fernanda Melchionna (PSOL) pediu explicações ao Ministério da Defesa sobre contratos entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e o Estado de Israel ou empresas israelenses de tecnologia militar, armamento ou munição.
O principal questionamento da parlamentar recai sobre o contrato com a estatal Israel Aerospace Industries (IAI), uma das gigantes mundiais na fabricação aeronaves civis, caças militares e drones.
O contrato para manutenção de dois drones de vigilância usados pela FAB totaliza R$ 86,1 milhões e foi feito sem licitação. De acordo com a representação, a empresa prestará "serviços de manutenção e logística para dois drones Heron I RQ - 1150, operados pelo 1°Esquadrão do 7° Grupo de Aviação, Esquadrão Orungan, na base aérea de Santa Cruz (RJ)". O caso foi revelado pelo portal Metrópoles.
Melchionna disse em um requerimento à Defesa que "a continuidade de qualquer tipo de contrato entre Brasil e Israel se mostra como forma de financiar a continuidade do massacre histórico do povo palestino".
A parlamentar, que é integrante da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, quer saber quantos e quais contratos estão em vigência entre os dois países na área militar.
Empresa lucra com massacre
A Action Center for Corporate Accountability, organização norteamericana que expõe empresas lucrando com guerras, afirma que a Israel Aerospace Industries fornece tecnologia para as forças israelenses atuarem contra a Palestina.
Melchionna disse que o contrato da IAI com o governo brasileiro "causa estranheza", já que o governo federal tem se posicionado de modo firme contra o genocídio em Gaza.
"Principalmente pela declaração neste sentido feito em evento internacional pelo presidente Lula e também por Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores, que em uma cerimônia pública em Ramala classificou como 'ilegal e imoral' ação de Israel em Gaza", questionou a deputada.
Melchionna quer saber também se o Ministério da Defesa pretende romper relações comerciais com Israel.
ONU fala em crime de genocídio
Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, publicou relatório afirmando que existem "motivos razoáveis" para acreditar que Israel comete "crime de genocídio" na Faixa de Gaza.
"O número angustiante de mortes, os danos irreparáveis causados aos que sobrevivem, a destruição sistemática de todos os aspectos necessários para sustentar a vida em Gaza – dos hospitais às escolas, das casas às terras aráveis – e os danos específicos a centenas de milhares de crianças e para mães grávidas e jovens", são, segundo ela, elementos que indicam a prática desse crime por parte de Israel: "intenção de destruir sistematicamente os palestinos como um grupo", disse Albanese no Conselho de Direitos Humanos da ONU na terça-feira (26).
Israel rebateu as acusações, afirmando que o relatório seria uma "obscena distorção da realidade" e questionaria o direito do país de existir.
Edição: Nicolau Soares