Uma manifestação conjunta das organizações não governamentais Conectas e Adere cobrou, perante o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, que o Brasil reforce os mecanismos de combate à escravidão moderna.
Em manifestação realizada nesta quinta-feira (28), as organizações apresentaram números sobre a exploração de mão de obra análoga à escravidão, destacando que foram mais de 60 mil resgates nos últimos 21 anos no país.
"A grande maioria [das vítimas] são trabalhadores do agronegócio. Somente em 2023, foram mais de 3 mil pessoas resgatadas. A maioria dos resgatados são negros, historicamente vítimas de exclusão social e da falsa abolição da escravidão", pontuaram as entidades em vídeo apresentado ao conselho.
Na manifestação desta quinta, Conectas e Adere lembraram que as atividades estão parcialmente paralisadas desde janeiro deste ano devido a uma mobilização da categoria dos auditores-fiscais do trabalho. Segundo o sindicato que representa os profissionais, o impacto nas atividades foi de 65% em fevereiro.
"Apesar dos esforços, o Estado brasileiro segue ineficaz nesta luta. As ações de combate ao trabalho escravo estão suspensas. Exigimos que o Brasil restabeleça as ações de combate ao trabalho escravo e adote mais políticas públicas que enfrentem desigualdade e racismo estruturais" destacaram as organizações.
Está em discussão na Câmara dos Deputados uma proposta que prevê a expropriação de propriedades onde ocorre a exploração de trabalho em condições análogas à de escravo. O tema, porém, não avançou. Conectas e Adere apontaram a necessidade de implementação da medida.
"É necessário desenvolvimento para os locais de origem das vítimas e regulamentação da emenda que prevê expropriação das propriedades com trabalho escravo no Brasil. Pedimos à comunidade internacional mais responsabilidade das empresas que controlam cadeias globais de produção com trabalho escravo e precário; que lucram, especialmente com a exploração do povo negro", concluíram.
Edição: Nicolau Soares