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Do Brasil Colônia ao assassinato de Marielle Franco: a disputa pela terra

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Quase 2 mil placas com o nome de Marielle Franco foram distribuídas no Centro do Rio de Janeiro, em 2018 - Agência Brasil
"Marielle Franco, assim como o movimento abolicionista, se opôs e resistiu ao PL da Grilagem"

Historicamente, a terra foi instrumento de dominação, exploração e assassinato no Brasil. O que, antes da colonização, eram clãs, famílias, tribos viviam de forma nômade, cultivando mandioca, tabaco, abacaxi e caçando, após a colonização, a terra passou a ser propriedade da Coroa.

A Coroa só abriu mão para fazendeiros capitalistas produzirem mercadorias escassas na Europa tempos depois, a partir do uso da força de trabalho escravizada.

Com o aumento das fugas das senzalas, novos quilombos fundados, ampliação do movimento abolicionista com o apoio de brancos da classe média, a Coroa se viu obrigada a abolir a escravidão. Mas antes disso, criou a lei de terras em 1850, que tornou a terra propriedade privada.

Essa medida garantiu que ex-escravizados não se tornassem camponeses, sendo obrigados a ir para a cidade carregar e descarregar mercadoria nos portos. Assim, inicia um processo de "periferização" brasileiro enquanto instrumento de resistência dos negros e negras. No entanto, é importante entender que as periferias só são uma realidade material porque existe concentração de terras.

Marielle Franco, assim como o movimento abolicionista, se opôs e resistiu ao PL da Grilagem (PL 174/2016) que garantiria o lucro a partir da construção de imóveis irregulares para as milícias. Marielle defendia que a terra  fosse entregue pelo poder público para moradia popular.

Mas, assim como a Coroa em 1850, o sistema garantiu a concentração de terras nas mãos de poucos e assassinou Marielle.

Marielle seguiu o legado do movimento abolicionista brasileiro, e é papel nosso, povo brasileiro, de seguir essa marcha de centenas de anos, até que haja a distribuição total das terras, em que todos tenham acesso a moradia e saneamento básico.

Edição: Pedro Carrano