Com um banner de três metros imitando um cheque de R$ 89 mil assinado por Fabrício Queiroz, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fez um protesto contra uma homenagem da Câmara Municipal de São Paulo à Michelle Bolsonaro (PL) na manhã desta segunda-feira (25).
A ação questiona a entrega do título de cidadã paulistana à ex-primeira-dama, marcada para as 18h no Theatro Municipal. Apesar de proibida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), a solenidade está mantida, de acordo com postagem do vereador Rinaldi Digilio (União), autor da proposta.
Manifestantes da Ocupação Carolina Maria de Jesus ocuparam as escadarias do Theatro segurando colares brilhantes e cartazes com os dizeres "Bolsonaro não se cria em SP", "Michelle persona non grata" e "Sem anistia".
“Viemos denunciar essa ação vergonhosa promovida por vereadores bolsonaristas em homenagear Michelle Bolsonaro, que evidentemente nunca fez nada por São Paulo. É claro que é uma ação eleitoreira e é uma afronta à população”, afirmou Ana Paula Peres, da coordenação nacional do MTST e da Frente Povo Sem Medo.
“Envolvida em vários escândalos - dos cheques do Queiroz às joias – Michelle representa a corrupção, o negacionismo, a falta de políticas públicas quando o povo brasileiro mais precisou. Então ela não representa o povo brasileiro, menos ainda as mulheres pobres da periferia de São Paulo”, complementou Peres.
Em uma caixa de som, Débora Lima, também da coordenação nacional do movimento e presidenta estadual do PSOL, mencionou a prisão, neste domingo (24), de Rivaldo Barbosa e os irmãos Chiquinho e Domingos Brasão, apontados como mandantes da execução da vereadora Marielle Franco.
“Assim como vimos a justiça sendo feita com Marielle, esperamos que em breve o toc toc da Polícia Federal bata na porta dos Bolsonaro, que atentaram contra a democracia no Brasil", destacou Lima.
Cerimônia proibida sob pena de multa
A decisão do desembargador Martin Vargas proibiu o uso do Theatro Municipal para a homenagem à Michelle Bolsonaro, acatando um pedido feito pela deputada federal Erika Hilton (PSOL) e a ativista Amanda Paschoal. A solicitação questiona o uso de verba pública para fins eleitorais, sem benefícios artísticos, culturais ou formativos para a população.
A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição e apoiado por Jair Bolsonaro (PL), cedeu o espaço do Theatro Municipal para a cerimônia a pedido do vereador Digilio. De acordo com a prefeitura, o pedido foi aceito porque o requisitante é um vereador, ou seja, ente público. Segundo as pesquisas, o principal concorrente de Nunes na eleição municipal é o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), liderança do MTST.
Em sua determinação, o desembargador Vargas diz que há "indícios contundentes" de que a transferência do evento da Câmara, onde solenidades deste tipo costumam ocorrer, para o Theatro Municipal fere "os princípios da administração pública".
Na noite deste domingo (24), o vereador Digilio afirmou que não foi notificado da decisão judicial e que, mesmo que fosse, a considera uma ingerência ilegal do judiciário sobre o legislativo. A pena de multa estabelecida caso a cerimônia se mantenha é de R$ 50 mil.
Edição: Vivian Virissimo