* Matéria atualizada no dia 25/03, às 13:01, para inclusão das manifestações de Braga Netto e dos suspeitos.
O delegado Rivaldo Barbosa, um dos suspeitos presos na manhã deste domingo (24), era o chefe de Polícia Civil no dia 14 de março de 2018, data em que vereadora Marielle Franco (Psol) e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados. Ele foi indicado ao cargo pelo ex-ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (PL), Braga Netto, então interventor na Segurança Pública do Rio de Janeiro.
Em fevereiro de 2018, o Rio de Janeiro vivia uma onda de violência e o governo federal, liderado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), determinou uma intervenção militar no estado, sob comando de Braga Netto.
Barbosa foi preso pois, de acordo com a delação de Ronnie Lessa, acusado de ser o executor de Marielle e Gomes, teria dado o aval para o crime aos irmãos acusados de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão.
Celebridade entre os policiais do Rio de Janeiro, Barbosa foi sargento da Força Aérea Brasileira (FAB), onde trabalhou por quinze anos, trabalhando com previsão meteorológica. Saiu da carreira militar para entrar na polícia, após prestar concurso público para delegado em 2002.
Em 2009, Barbosa foi nomeado subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, durante o período de instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
Em 2019, a Polícia Federal afirmou, em relatório reservado ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ), que Rivaldo Barbosa deveria ser investigado pela suspeita de ter recebido propina no valor de R$ 400 mil para evitar que fossem conhecidos os reais culpados pelo duplo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
O ex-deputado federal Marcelo Freixo, que era próximo de Marielle, lembra do diálogo que manteve com Rivaldo Barbosa, horas após o assassinato da vereadora, para tentar entender o crime.
“Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro”, escreveu Freixo, em seu perfil no X, antigo Twitter.
Outro lado
Segundo o Congresso em Foco, Braga Netto afirmou em nota de sua defesa jurídica que não teve envolvimento na decisão e que a escolha dos chefes de polícia estava a cargo do general Richard Nunes.
A assessoria de imprensa de Domingos Brazão emitiu nota à Folha de S. Paulo em que afirma que o conselheiro "foi surpreendido" pela decisão do STF. O conselheiro do TCE afirma que inexiste "qualquer envolvimento com os personagens citados, ressaltando que delações não devem ser tratadas como verdade absoluta —especialmente quando se trata da palavra de criminosos que fizeram dos assassinatos seu meio de vida".
Ao Uol, a defesa de Rivaldo Barbosa justificou a ausência de manifestação por ainda não ter acesso aos autos nem à decisão que decretou a prisão.
Até o momento, não houve manifestação por parte do deputado federal Chiquinho Brazão.
Edição: Rodrigo Gomes