* Matéria atualizada no dia 25/03, às 12:35, para inclusão das manifestações dos suspeitos.
A prisão dos suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), ocorrido em março de 2018, repercute entre diferentes autoridades, neste domingo (24). A Polícia Federal (PF) prendeu no início da manhã os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, e o delegado Rivaldo Barbosa, como mentores do crime, que também vitimou o motorista Anderson Gomes. A ação da PF se deu em uma operação em parceria com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, comemorou a notícia. “Só Deus sabe o quanto sonhamos com este dia! Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê? Agradeço o empenho da PF, do governo federal, do MP Federal e Estadual e do ministro Alexandre de Moraes”. Estamos mais perto da Justiça! Grande dia!”, disse pelo “X” [antigo Twitter].
Pela mesma rede social, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino fez uma publicação evocando uma passagem bíblica que trata sobre fé e justiça, no que foi entendido por internautas como uma menção metafórica à prisão. “Domingo de Ramos, domingo de celebração da fé e da justiça. Livro dos Salmos: ‘Ainda que floresçam os ímpios como a relva, e floresçam os que praticam a maldade, eles estão à perda eterna destinados’. ‘Como a palmeira, florescerão os justos, que se elevarão como o cedro do Líbano’”, postou.
O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta, lembrou que, no início do ano passado, o Ministério da Justiça autorizou a PF a ingressar no caso, que até então era conduzido apenas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. "Desde o início do mandato do presidente Lula em janeiro de 2023, medidas foram tomadas e equipes da Polícia Federal autorizadas pelo MJ se somaram às investigações. Tais medidas foram decisivas para o esclarecimento do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson."
"O governo federal seguirá cumprindo o seu papel para combater essas quadrilhas violentas que cometem graves crimes contra as famílias brasileiras. A continuidade das investigações vai com certeza esclarecer vários outros crimes. Parabéns ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público do Rio de Janeiro e ao STF, decisivos para elucidar esse crime”, continuou Pimenta.
O presidente da Embratur e amigo de Marielle, Marcelo Freixo, também se pronunciou pelas redes. “Hoje a prisão dos irmãos Brasão e do Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, deixa claro quem matou, quem mandou matar e quem não deixou investigar. Esse é um ponto importante para explicar por que ficamos seis anos de angústia”, disse, pelo “X”.
Freixo também repercutiu o assunto em outras postagens, lembrando a relação promíscua entre assassinatos e figuras de poder. “Em 2008, quando fiz a CPI das Milícias, nós escrevemos no relatório que crime, polícia e política não se separam no Rio. Dezesseis anos depois, com o caso da Marielle resolvido, reafirmo a mesma frase. Um membro do Tribunal de Contas, um vereador (agora deputado) e um chefe da polícia presos, envolvidos no assassinato da Marielle”, citou.
Ele ainda demonstrou certa surpresa e indignação com o fato que Rivaldo se colocou como um apoiador da família de Marielle, após o crime. "Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte, junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro", escreveu Freixo.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paulo Paim (PT-RS), também se somou aos que celebraram a notícia das prisões: “Um grande alívio após uma espera angustiante de mais de seis anos. Que a justiça por Marielle e pelo motorista finalmente se faça. Que a verdade prevaleça e revele todos os fatos. Solidariedade aos familiares”.
Maria do Rosário (PT-RS), que é ex-ministra dos Direitos Humanos e atualmente compõe a mesa diretora da Câmara dos Deputados, disse que a notícia deste domingo constitui um “marco”. “A prisão dos suspeitos de terem sido mandantes do assassinato de Marielle Franco é um marco na história do Brasil e na luta contra a violência política e a tentativa de silenciamento das vozes de coragem. Se acharam que matando Marielle conseguiriam parar a luta, se enganaram. Ela está mais viva do que nunca. #MarielleVive”, entoou.
Outro lado
A assessoria de imprensa de Domingos Brazão emitiu nota à Folha de S. Paulo em que afirma que o conselheiro "foi surpreendido" pela decisão do STF. O conselheiro do TCE afirma que inexiste "qualquer envolvimento com os personagens citados, ressaltando que delações não devem ser tratadas como verdade absoluta —especialmente quando se trata da palavra de criminosos que fizeram dos assassinatos seu meio de vida".
Ao Uol, a defesa de Rivaldo Barbosa justificou a ausência de manifestação por ainda não ter acesso aos autos nem à decisão que decretou a prisão.
Até o momento, não houve manifestação por parte do deputado federal Chiquinho Brazão.
Edição: Rodrigo Gomes