Movimentos populares se preparam para atos em defesa da democracia em todo o Brasil neste sábado (23). As manifestações são organizadas pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e contam com apoio de centrais sindicais e partidos progressistas.
Pouco mais de uma semana antes de aniversário de 60 anos do golpe militar de 1964, os participantes pedirão punição para os golpistas do 8 de janeiro de 2023, além de entoar o lema "Ditadura nunca mais". Haverá também protesto contra o genocídio do povo palestino promovido por Israel na Faixa de Gaza.
Diferente de outros momentos, em que São Paulo ou Rio de Janeiro sediaram as maiores mobilizações, o principal ato será na capital da Bahia, como explica Rud Rafael, integrante da coordenação nacional da Frente Povo Sem Medo.
"Salvador foi escolhida por ser uma capital importante do Nordeste. As frentes optaram por trabalhar essa simbologia de um Brasil que está mais descentralizado. A realização de mais de 20 atos também aponta para isso", afirma
Ele contrapôs os atos deste fim de semana com a manifestação de apoio a Bolsonaro realizada em São Paulo. "Ao contrário do que aconteceu no dia 25 de fevereiro, onde os golpistas foram às ruas centralizados em São Paulo com muito dinheiro de investimento de empresários, mobilizando o fundamentalismo religioso, nós vamos para a rua em defesa da democracia, colocando pautas importantes para a sociedade brasileira e mobilizando o Brasil como um todo. A gente tem uma diversidade de vozes nesse sentido, então a importância também de colocar um peso em Salvador é para garantir essa simbologia. Mas teremos atos expressivos em outras partes do país", explica Rud Rafael.
O membro da coordenação nacional da Frente Povo Sem Medo critica a postura do ex-presidente. "É um absurdo que agora Bolsonaro queira aparecer de vítima, alguém que de alguma forma fez de tudo para criar um clima de guerra na sociedade brasileira, colocou em xeque o sistema político brasileiro. Seu discurso impulsionou várias ocupações na frente dos quarteis. O que aconteceu no 8 de janeiro é amplamente repudiado pela sociedade brasileira e isso não pode ficar impune", rechaça Rud.
Em São Paulo, a concentração do ato pela democracia começa às 15 horas no Largo São Francisco, na região central. Serão pelo menos 21 atos em todo o Brasil. Mobilizações também devem ocorrer fora do país, como em Lisboa (Portugal), marcada para a manhã deste sábado (23).
"A gente já conseguiu mostrar uma capacidade de mobilização expressiva. Esse ato está dentro de um conjunto de mobilizações que já se iniciaram no mês de março e que são frutos de uma retomada da organização da convocatória da Frente Povo Sem Meio e da [Frente] Brasil Popular, a partir de um seminário que realizamos em fevereiro. Tudo isso já vinha sendo construído antes da convocatória do ato de Bolsonaro. Fizemos um importante 8 de março, com mobilizações expressivas das mulheres. Tivemos também mobilizações em torno do 14 de março por justiça para Marielle e Anderson", lembra.
"O dia 23 é mais um ato que, de alguma forma, retoma um debate que hoje é central para um projeto de país. A gente precisa limpar o terreno, fazer uma reparação histórica a fatos que são inquestionáveis. Esse mês se lembra a 60 anos da ditadura militar no Brasil e é inaceitável que ainda setores defendam os fatos criminosos que foram feitos pelo Estado brasileiro nesse período", repudia Rud Rafael.
Confira aqui a lista de atos já confirmados.
A entrevista completa, feita pelo apresentador Kaique Santos, está disponível na edição desta sexta-feira (22) do Central do Brasil, que está disponível no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Thalita Pires