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A natureza está avisando sobre a crise climática

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Uma das graves crises em confluência é a crise climática - Pixabay
"As mudanças climáticas complicaram 58% de todas as doenças que existem na humanidade"

Começo compartilhando uma memória de terreiro porque vai fazer sentido ali na frente.

Uma vez, uma Ìyálórìṣà me disse que os Òrìsàs e seus aṣès estavam sumindo da Terra, o impacto desta afirmação ainda me estremece na lembrança, porque para quem não sabe o que isso significa, neste culto e nesta cultura, Orixá são elementos da Natureza, como pode, a Natureza estar sumindo da Terra? Mas esta não é mesmo?

Sensação térmica de calor sufocante, cenário de beira de mar na América do Sul torrando em labaredas intensas, mas isso não aconteceu exatamente em Copacabana, foi nos bolsões periféricos. Outra vez, presenciamos a desigualdade nos efeitos das mudanças climáticas. No Paraná – e no Brasil – um surto de dengue tem lotado os serviços de saúde, o numero de mortes é preocupante, mas de onde vem tanta desgraça?

Em recente estudo da Fiocruz, em um programa de monitoramento, concluíram que a incidência cada vez maior da dengue está relacionada ao aumento da frequência de ondas de calor. Isso, por sua vez, é uma consequência das mudanças climáticas.

O Observatório do Clima constatou que no Brasil, entre os anos 2000 e 2018, 48 mil pessoas morreram por causa de ondas de calor, mulheres, negros e menos escolarizados são os mais afetados.

Não sei se você sabe, mas temos muitas guerras, insurgências e conflitos armados acontecendo pelo mundo, vivemos uma carnificina humana. Em meio a isso temos em curso um genocídio televisionado, com a intenção nítida de aniquilar o povo palestino. A indústria armamentista segue lucrando rios de sangue enquanto trucidam a vida, o solo e o ar. Não há planeta que resista.

Em uma mesa de debates organizada pela Agência Pública, Ailton Krenak disse: “As pessoas vão derreter feito lesmas na calçada”. Para o pesquisador colombiano Camilo Mora, professor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da Universidade do Havaí, "As mudanças climáticas complicaram 58% de todas as doenças que existem na humanidade". E não se engane, as elites globais estão há anos nessa propaganda de crédito de carbono, a saída não virá de empresários e burgueses, se dependermos deles, não haverá planeta Terra para nós.

Depois dessa terapia de choque, sei que está formada a imagem de tragédia em sua mente, mas te convoco: É possível esperançar.
Pesquisa aí quantas arvores o MST plantou?

Parece simples plantar arvores? Mas não é.

Porque pôr em prática ideias de mudança significa fazer o que visualizamos no cenário da vida como imprescindível.

A resposta para os problemas de nosso tempo não estão em Marte, elas virão de saídas coletivas.

Se tarefas que parecem simples, na verdade são as mais grandiosas, precisaremos de todos quantos forem possíveis.

Este tipo de convocação é necessária de tempos em tempos, para acordar os que dormem, sacudir os que estão entediados, e propor o contrário aos desesperançados.

Depois não diga que nós não avisamos.

Em tempo, o MST plantou 25 milhões de árvores nos últimos quatro anos em todo o país.

 

Edição: Pedro Carrano