ALERTA DO INMET

Após onda de calor, clima muda na chegada do outono com frente fria e tempestades pelo Brasil

A meteorologista Maria Clara Sassaki fala das temperaturas mais altas dos últimos dias e como será a mudança de estação

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Frente fria chega junto com outono e deve derrubar temperaturas nos próximos dias em partes do Brasil - Rovena Rosa/Agência Brasil

A chegada do outono, nesta quarta-feira (20), deve amenizar as temperaturas em muitas partes do Brasil após dias de uma intensa onda de calor. A estação mais quente do ano vai embora exatamente a 00h06 no país, para alívio de muita gente. No último fim de semana, a cidade de São Paulo registrou temperatura recorde para o mês de março, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Os termômetros marcaram 34,7ºC. No Rio de Janeiro, a sensação térmica chegou a passar de 60ºC.

Mas a mudança de estação não aponta para uma queda muito significativa e imediata na temperatura, pontua Maria Clara Sassaki, porta-voz da Tempo OK Meteorologia.

"Não é um desligamento automático aí do calor, não. O que a gente tem é uma diminuição gradual no decorrer da estação, conforme a gente vai caminhando pelo outono. A gente percebe que a temperatura média vai ficando mais baixa. Só que esse comecinho de estação ainda deve ter temperaturas acima da média, principalmente em áreas que já estão sofrendo com essa onda de calor. Tem uma frente fria se aproximando que vai romper esse padrão aí dos últimos dias, mas antes da chegada desta frente fria, ainda devemos ter um ou dois dias de temperaturas muito elevadas, principalmente em Mato Grosso do Sul, interior do Paraná e no interior do estado de São Paulo, ainda com expectativa de temperaturas perto dos 40 graus nessas áreas entre a quarta e a quinta-feira", informa a meteorologista.

Sassaki lembra que o outono é uma estação de transição que vai até meados de junho, antecedendo o inverno. E, por isso, o brasileiro ainda pode sentir muito calor no decorrer do período, além das consequências de temperaturas altas, como mais chuvas.

"O outono é uma estação de transição, tem características tanto do verão, que é uma estação mais quente, mais úmida, e é uma estação que também faz essa transição para o inverno, que é uma estação mais fria, de temperaturas mais baixas e também uma estação mais seca. Então, nestas estações de transição – é o caso do outono e também da primavera –, a gente costuma observar cenários das duas próximas estações. Ainda teremos cenários parecidos com verão e teremos também cenários parecidos com o inverno. Para este outono de 2024, a gente tem uma expectativa de neutralidade climática. A gente está saindo do fenômeno El Niño, vamos caminhando para uma neutralidade climática durante o outono. Então, com essa ocorrência da neutralidade, essa diminuição da intensidade do El niño, a gente já começa a observar uma estação, uma nova estação com padrões bem perto da climatologia, ou seja, bem perto do que é normal para esta época do ano", explica.

"Mas essa estabilização das chuvas e das temperaturas vai demorar um pouco para acontecer, deve acontecer principalmente na segunda metade do outono. Então, [em] abril pelo menos ainda devemos observar temperaturas ainda acima do normal. Porque o fenômeno El Niño ainda deixou muita energia na atmosfera", segue Sassaki.

Por causa disso, a nova estação vem acompanhada de uma frente fria que vai provocar tempestades pelo Brasil. O Inmet prevê volumes de chuva maiores que 90 milímetros, ainda nesta semana. A recomendação da porta-voz da Tempo OK Meteorologia é de cuidado diante desses eventos climáticos mais fortes.

"Sempre que a gente fala em aumento de temperatura, a gente fala em aumento de eventos severos, eventos extremos, chuvas mais intensas, temporais mais intensos, volumes de água cada vez maiores nas instabilidades. A gente tem também uma mudança aí no padrão próprio da superfície terrestre. A ação do homem acaba mudando bastante a geografia dos estados e esses eventos extremos estão mais intensos do que o normal, acabam provocando vários transtornos. Então, chuvas com granizo, com ventanias. A gente acaba sendo muito prejudicado, principalmente regiões de risco, áreas que são normalmente conhecidas por deslizamentos", avalia. "A gente tem sempre que procurar os alertas, principalmente, da Defesa Civil, o pessoal que faz monitoramento desses eventos extremos", recomenda.

A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta terça-feira (19) do Central do Brasil, que está disponível no canal do Brasil de Fato no YouTube.

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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
 

Edição: Nicolau Soares