O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta segunda-feira (18) que a declaração dos EUA de que as eleições presidenciais russas "claramente não foram livres nem justas" é "absurda". Segundo ele, falar da "ilegitimidade" das eleições presidenciais russas significa chamar de "ilegítimos" uma enorme quantidade de votos dos russos.
"Se falamos da ilegitimidade das eleições no nosso país, então, provavelmente, precisamos de falar sobre a ilegitimidade dos 87% dos votos da população do nosso país que foram atribuídos ao presidente Putin. Isto é um absurdo. Discordamos categoricamente de tal avaliação", disse Peskov.
Falando aos repórteres ontem à noite, Putin disse que tais avaliações já eram esperadas e previsíveis:
"Considerando que de fato os EUA são um país profundamente envolvido na guerra na Ucrânia, e (este é) um país que, em essência, de fato, está em guerra conosco", acrescentou.
A Casa Branca declarou no último domingo (17) que as eleições na Rússia "claramente não foram livres nem justas", afirmando que Vladimir Putin "prendeu seus oponentes e impediu que outros concorressem contra ele".
União Europeia
Enquanto diversos líderes do Sul global parabenizaram Putin pela vitória, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, em nome dos países do bloco, declarou nesta segunda-feira (18) que as eleições presidenciais russas "foram realizadas em ambiente político limitado".
A declaração de Borrell, não chega a dizer que não reconhece o resultado das eleições, mas destaca o fato de que, "além da repressão e das restrições à concorrência política", Moscou não teria convidado observadores do gabinete da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) para Instituições Democráticas e Direitos Humanos, em violação dos seus compromissos na OSCE.
No entanto, ele ressaltou que não reconheceria a votação nos territórios anexados da Ucrânia. Segundo ele, "a União Europeia reitera que não reconhece e nunca reconhecerá nem a realização destas chamadas 'eleições' no território da Ucrânia nem os seus resultados".
"[As eleições nos novos territórios] não têm força legal e não podem ter quaisquer consequências jurídicas. A liderança política da Rússia e os envolvidos na sua organização enfrentarão as consequências destas ações ilegais", frisou.
A vice-representante do Gabinete de Ministros Alemão, Christiane Hoffmann, por sua vez, disse que o governo alemão não se recusará a comunicar com Putin, apesar de não enviar as protocolares felicitações pela vitória.
O presidente russo já havia afirmado que a reação negativa dos países ocidentais às eleições seria esperada, porque, de acordo com ele, estes países "estão lutando armados contra a Rússia e tentando conter o desenvolvimento do país". Putin também aproveitou para criticar as eleições dos EUA, afirmando que "há todas as razões para acreditar que não há democracia nos processos eleitorais dos EUA".
Após 100% das urnas apuradas, a Comissão Eleitoral Central da Rússia informou nesta segunda-feira (18) que Vladimir Putin venceu a votação com 87,28, a sua maior porcentagem em cinco eleições presidenciais no país. A participação dos eleitores no votação também foi recorde, ultrapassando a marca de 77%.
Edição: Rodrigo Durão Coelho